Mitomania continuada – A epopeia que tem Hugo Chávez, agora cadáver, como protagonista parece não ter fim. Depois de despedir-se da vida há algumas longas semanas, ainda em Cuba, o caudilho bolivariano teve sua morte anunciada oficialmente no último dia 5 de março. Esse hiato de tempo serviu para que a cúpula do Palácio de Miraflores acertasse os últimos detalhes para garantir a continuidade da ditadura venezuelana, sem ferir suscetibilidades e atendendo a todos os interesses dos que velaram Chávez durante mais de dois meses.
Para que o cadáver resistisse ao período das negociações e pudesse ser apresentado à população com aparência minimamente convincente, os bolivarianos autorizaram o embalsamamento às pressas, feito em Havana com a ajuda de especialistas estrangeiros. Como o plano do governo venezuelano mudou de rumo e Chávez passou à condição de principal ferramenta da campanha de Nicolás Maduro, surgiu, então, a notícia de que o caudilho seria embalsamado – como se isso ainda não tivesse ocorrido antes – e exposto eternamente em uma redoma de vidro para proporcionar a idolatria burra ao líder que conseguiu a proeza de socializar a miséria e levar a Venezuela ao caos.
Repetir o processo a que foram submetidos os cadáveres de Lênin e Mao Tsé-Tung, por exemplo, demandaria muito mais tempo do que os venezuelanos imaginavam. Isso transcenderia o período da eleição presidencial, marcada para 14 de abril. O embalsamamento realizado em Cuba não foi dos melhores, mas durou o tempo necessário para que a farsa chegasse ao limite.
Considerando a hipótese de que as informações do governo de Caracas eram verdadeiras e Chávez de fato morreu no dia 5 de março, o embalsamamento deveria ter ocorrido no máximo até trás dias da confirmação do óbito, sob pena de o cadáver entrar em decomposição. A decisão de esticar o velório até a última sexta-feira (15) foi mais uma prova de que Hugo Chávez deixou a capital cubana embalsamado.
O cadáver de Chávez entrou em estado de decomposição nos últimos dias e embalsamá-lo tornou-se tecnicamente impossível. Tal situação obrigou o governo venezuelano a mudar o discurso e informar que o corpo do finado ditador não mais será embalsamado. Essa conjunção de mentiras parece ter efeito nulo sobre a população da Venezuela, em sua maioria chavista, que prefere ser enganada e continuar adorando alguém que arruinou uma nação.