(*) Ucho Haddad –
Dilma, imagino como é difícil falar de pobreza estando em um dos mais luxuosos hotéis da capital italiana, com diárias que chegam a custar o equivalente a sete salários mínimos. Mesmo assim, Dilma, estou certo que será ótimo conversar com o papa Francisco sobre fome e pobreza. Quem sabe você aprende um pouco sobre o tema e deixa de fazer proselitismo barato com assuntos tão sérios.
O Brasil sabe que você é avessa à fé, mas torço para que Jorge Bergoglio, o cardeal de Roma (assim ele quer ser chamado), lhe conceda as bênçãos do Senhor e aponte o caminho da humildade. Como ser humano preciso torcer para que você evolua e esteja em paz, o que é uma missão quase impossível sendo filiada ao PT e governando o Brasil à base de mentiras.
Dilma, esse negócio de céu e paraíso é balela marqueteira, mas você e o Lula conseguiram transformar o Brasil na versão tropical do inferno. Nove entre dez brasileiros reclamam do governo e estão cansados dos discursos embusteiros do seu partido. No universo dos que pensam a maior parte do tempo, ousou afirmar que 100% não querem ouvir falar do PT e muito menos de você. Mas fique tranquila, Dilma, pois assumirei a missão de defendê-la, pois afinal você foi eleita legal e democraticamente. Foi uma enorme burrice do povo, é verdade, mas de ilegal nada existiu, pelo menos a olhos nus.
Dilma, estivesse no seu lugar já teria cometido um genocídio. Jamais vi tantos incompetentes à volta de alguém. Seus assessores são burros que acreditam carregar o DNA de Aladim, aquele da lâmpada maravilhosa. Com os especialistas que você convidou para formar o seu governo, Dilma, a Esplanada dos Ministérios transformou-se no lugar do planeta com maior concentração de besteiras vociferadas por metro quadrado. E lembre-se que a Esplanada não é pequena!
Às vezes, Dilma, chegam até os frequentadores de Brasília informações não confirmadas sobre seus rompantes com alguns assessores e ministros. É verdade que não se deve destratar os desprovidos, em especial os que carecem de inteligência, mas conviver com gente burra é de tirar qualquer um do sério.
Sabe, Dilma, o meu saudoso pai, que começou a vida como engraxate e entregador de armazém, mas foi respeitado em várias partes do planeta por sua incontestável e testada genialidade, dizia uma frase que até hoje carrego no pensamento. “Quando o sujeito é burro, peça a Deus que o mate e o diabo que o carregue”. Diabos não lhe faltam para carregar esses néscios que a cercam, mas a questão está no fato de você não acreditar em Deus. Eu não desejo a morte nem mesmo ao pior dos inimigos, mas alguns palacianos não deveriam ter estreado no mundo. Teria sido um enorme favor à nação.
Quando vi sua foto, em Roma, com o “irrevogável” Aloizio Mercadante fazendo pose de papagaio de pirata, de chofre senti certa repulsa, mas depois, confesso, compreendi que foi bom você ter levado o ministro da Educação em sua comitiva. Pelo menos ele começa a perceber os motivos que fizeram com que o Brasil ficasse estacionado no Índice de Desenvolvimento Humano, o IDH da ONU. Sei que você dirá que esses índices não são confiáveis, mas serviram para o PT, enquanto oposição, azucrinar a vida dos adversários.
Preste atenção, Dilma! O Mercadante, que treme diante do Lula, adora posar de primo do Aladim. Ele conseguiu a proeza de fraudar a si mesmo na tese de doutorado que defendeu na Unicamp, mas não compreende a posição estacionária do Brasil no IDH. Ora, se você fala que o governo não tem dinheiro para investir na educação, como é que o Brasil pode subir no ranking? Dilma, o irrevogável Mercadante só pode estar faltando ao trabalho para não saber dessas suas declarações.
Dilma, aproveite o seu encontro reservado com o papa Francisco e peça a ele um galão de água benta. Na viagem de volta a Brasília, que deve durar dez horas ou mais, obrigue o Mercadante a tomar uns dois ou três copos. Quem sabe o Senhor ilumina o cérebro desse seu ministro que prima pela soberba. Explique a ele, Dilma, que no Brasil há fora da escola pelo menos 3,6 milhões de crianças e jovens, entre 4 e 17 anos. E que com esse cenário é impossível o Brasil subir de posição no ranking do IDH. Aproveite a viagem de retorno, Dilma, e conte ao Mercadante que aquela história (ouso afirmar que foi estória) de construir 6 mil creches foi mais uma mentira de campanha. Não se esqueça de explicar ao “irrevogável” que regimes ditatoriais só vingam em terra de povo ignorante. E que esse tal de IDH pouco importa quando o assunto é totalitarismo.
Pensar muito e coerentemente leva o sujeito à discriminação intelectual. É inimaginável alguém se agarrar à desfaçatez para mentir ao povo. Se não for face lenhosa – essa é a forma cavalheiresca que uso para me referir aos caras de pau – é caso de bússola quebrada. Sei que em tempos de modernidade e tecnologia o negócio é GPS, mas jornalista que não passa no caixa do Palácio do Planalto é obrigado a se contentar com a bússola.
Dilma, a “companheira” (sua) Miriam Belchior, que você instalou no Ministério do Planejamento, disse há dias que a inflação está sob controle. Dilma, conte onde fica esse país cuja inflação está controlada, pois quero me mudar amanhã. Mas não pense que de longe deixarei de lhe atormentar quase que diariamente. O nosso colóquio redacional, mesmo que de mão única, ainda vai longe. Até onde Deus permitir. O meu Deus, pois o seu está em fuga desde o escândalo da Marquesa de Garanhuns, a tal da Rose.
Compreendo que é quase um harakiri político admitir os próprios erros, mas vocês, magnânimos petistas, falam em acertos que ninguém é capaz de enxergar. Será que há no País mais de 190 milhões de pessoas com a visão comprometida? Dilma, aproveite a dica e lance o “Brasil Vidente”, na esteira do “Sorridente”, do “Carinhoso” e por aí vai…
Dilma, vocês, soberbos donos do poder, faltam com a verdade de forma tão intimista, que quem ainda raciocina chega a sentir náuseas. Atente bem, ó Dilma, diria o espetaculoso ex-senador Mão Santa. O ministro Mercadante indignou-se com a posição do Brasil no IDH. E o fez amparado por Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social. Em outras palavras, Dilma, são desavisados ou contorcem a verdade com o mesmo talento de uma exímia dançarina do ventre.
O seu governo está tão perdido, Dilma, que já estou pensando em doar a minha bússola ao Palácio do Planalto. Você pode pendurá-la no seu gabinete, aproveitando aquele prego que segurava o crucifixo que o seu padrinho Lula levou para casa, segundo a assessoria palaciana. A afirmação de gatunagem partiu de seus assessores.
Dilma, as mentiras que descem a rampa do Palácio do Planalto morrem antes de completar os primeiros cem metros do Eixo Monumental, em Brasília. Não chegam até a entrada do Ministério da Justiça. Acompanhe o meu raciocínio, Dilma, se não for exigir muito de alguém com tantos compromissos como você. Até a esmola que se dá nos semáforos foi alcançada pela inflação. Você por certo não sabe o que é isso, mas nas grandes cidades os pedintes mais sagazes decidiram oferecer duas ou três balas em um pequeno saco plástico que é pendurado no retrovisor do carro. Dentro vem uma mensagem religiosa – que para você não tem importância – acompanhada da sugestão de pagamento. Hoje essa sugestão já está em R$ 2.
Quando você se acomodou na principal cadeira do Palácio do Planalto e se esforçou para esconder a herança maldita de Lula, essa “brincadeira” das balinhas nos semáforos custava R$ 1. Dilma, a inflação sob a ótica da esmola é de 100% em apenas dois anos. Você pode alegar que sou um crítico do seu governo – o que é a mais absoluta verdade –, mas seus companheiros de legenda provam que não estou errado e que esse discurso de distribuição de renda e estabilidade social é conversa mole.
O governo da Bahia, sob o comando do petista Jaques Wagner, tem aconselhado os baianos a saírem de casa com dinheiro para que sejam atendidas as necessidades pontuais e criminosas dos ladrões que atuam deliberadamente na Terra de Todos os Santos. Que estabilidade social é essa, Dilma? Ou será que você não conhece o Jaques Wagner e nunca foi à Bahia. Se não, peço licença ao saudoso Dorival Caymmi e arrisco alguns trinados: “Você já foi à Bahia, nêga (isso é coisa do Dorival)? / Não? / Então vá!”. E leve um pouco de dinheiro para dividir com os ladrões que Wagner não consegue controlar e atrapalham o nosso IDH.
Diante disso, Dilma, aconselhe o Mercadante a não se aborrecer com esse tal de IDH. O Brasil que Lula e você construíram é muito maior do que essas três insignificantes consoantes. Se ao menos três vezes por semana o Mercadante conseguir assistir ao BBB, será uma enorme conquista, pois afinal essa consoante repetida teimosamente permitirá que ele perceba o quanto o Brasil evoluiu em termos de educação na última década. Até porque, presidente, no reality show da Vênus Platinada o que mais tem é “derrière” à mostra e sacanagem deliberada. Ou seja, uma radiografia televisada desse país de todos, rico e sem pobreza, seja material, de espírito ou de conhecimento.
Antes que me esqueça, Dilma, leve a bússola palaciana na oficina porque o Brasil está à deriva, navegando nas águas da mentira e rumando na direção do porto da utopia.