Muito mais – A decisão do Ministério Público Federal de investigar a participação de Lula no escândalo do Mensalão do PT não poderia ser diferente. Durante as investigações do maior escândalo de corrupção da história nacional, sobraram provas apontando a participação da cúpula do Palácio do Planalto no esquema criminoso que teve a compra de parlamentares como desculpa.
Entre as muitas tarefas, a Polícia Federal terá de investigar o envolvimento de Lula em uma negociação com o português Miguel Horta, então presidente da Portugal Telecom, repasses financeiros ilegais ao Partido dos Trabalhadores. O encontro de Horta com Lula e Antonio Palocci Filho, no Palácio do Planalto, foi precedido por algumas viagens de integrantes do governo federal a Lisboa, onde as bases da doação foram acertadas. Na ocasião, o ucho.info divulgou vídeo em que representantes do governo do PT chegavam a uma reunião em hotel da capital portuguesa.
No caso do Mensalão do PT há inúmeros escândalos que foram abafados no vácuo de acertos de bastidores. A doação da Portugal Telecom de R$ 7 milhões ao PT, que vem sendo negada, é a ponta de um assustador iceberg da corrupção. Não se pode esquecer o caso das camisetas produzidas por uma das empresas do então vice-presidente José Alencar para campanhas petistas. O pagamento da suposta encomenda, que ninguém conferiu in loco, foi alvo de suspeição na CPI dos Correios, mas logo caiu na vala do esquecimento.
O escárnio maior está muito longe dos assuntos tratados até agora pela Procuradoria-Geral da República e pelo Supremo Tribunal Federal, como já noticiamos. O esquema do Mensalão do PT serviu para repatriar parte do dinheiro da propina arrecadada em Santo André durante a gestão de Celso Daniel, assassinado de forma covarde e brutal porque discordou da destinação dada pela cúpula petista aos valores extorquidos de empresários da cidade do ABC paulista. A partir de então, o dinheiro passou a ser enviado para contas bancárias no exterior, as quais foram movimentadas algumas vezes depois do assassinato de Celso Daniel. Isso explica os empréstimos fictícios concedidos pelos bancos que operaram no Mensalão do PT.
A epopeia torna-se maior e mais trágica quando chega-se à contabilidade das empresas de publicidade de Marcos Valério, delator de Lula. As agências de Valério produziram campanhas publicitárias para determinadas empresas cujos donos tinham interesse em se aproximar dos palacianos. Superfaturadas, as campanhas permitiam que a diferença do valor cobrado fosse para as contas bancárias que alimentaram o Mensalão do PT.
Se a Polícia Federal não sofrer qualquer tipo de interferência ou pressão, o que é quase impossível, muitos novos escândalos virão à tona e a chance de Lula ter suas digitais identificadas no escândalo são enormes.