(*) Ucho Haddad –
Prezada Dilma, como sempre deixo a formalidade de lado e passo ao assunto que interessa. Você pode até imaginar que esse nosso colóquio redacional trata de dieta vegetariana, mas não é esse o meu objetivo. Na verdade, o que busco é mostrar como você fala besteiras e proporciona problemas aos brasileiros. Por isso valho-me das expressões populares “falar abobrinhas” e “descascar pepinos”, pois são exatamente essas as nossas especialidades. Você fala abobrinhas aqui e acolá, nós, incautos brasileiros, descascamos diariamente os pepinos com os quais nos presenteia.
De igual modo lembro, Dilma, que não se trata de uma redação do Enem, como aquela que tinha uma receita de macarrão instantâneo, cujo conteúdo o ministro Aloizio “Irrevogável” Mercadante disse ser condizente ao tema. Resumindo, esta missiva não tem qualquer viés da boçalidade que marca o seu desgoverno.
Dilma, a inflação está correndo solta pelos quatro cantos do Brasil, mas o ainda ministro da Fazenda, Guido Mantega, diz que não é preciso um tiro de canhão para debelá-la. Pela primeira vez nos últimos dez anos sou obrigado a concordar com esse ítalo-brasileiro que acredita ser o único Aladim da economia planetária. Para vencer a inflação é preciso de alguém competente, não um tiro de qualquer arma de fogo, seja ela longa ou curta, pesada ou leve. E competência não é o forte do seu companheiro Mantega e muito menos o seu.
Vocês, petistas, são tão falsamente magnânimos quanto realmente utópicos. Em outras palavras, para facilitar a sua compreensão, a “companheirada” mente de forma descarada e sequer exibe rubor facial, como é típico dos que faltam com a verdade e têm vergonha na cara. Em suma, vocês são mentirosos e descarados, apenas porque precisam dar seguimento ao projeto totalitarista de poder, que transformará o Brasil em versão continental de Cuba.
Dilma, você e sua horda de aduladores se acostumaram a culpar a natureza pela mazelas do governo, cada vez mais incompetente e inoperante. Quando surge no cenário dessa tresloucada Terra de Macunaíma um apagão, a culpa é do raio. A recente iminência de um blecaute foi porque choveu menos do que o previsto. Você torceu para que o céu caísse aos cântaros para aumentar o nível dos reservatórios das hidrelétricas, mas o que subiu foi o preço do tomate.
No seu lugar, Dilma, coberto pelo manto da vergonha, já teria saído de fininho e jamais retornado ao Palácio do Planalto. Sairia pelo mundo, sem lenço e sem documento, como o sujeito que na tarde de domingo sai para comprar cigarro e desaparece. E não é por falta de boné que você ainda não foi, pois o “cumpanhero” Lula esqueceu algum nos esconderijos palacianos. Dilma, beira a degradação moral uma autoridade culpar o tomate pela alta da inflação.
Dilma, essa conversa do tomate já passou dos limites, rendeu piadas de todos os naipes e até surgiu em capa de revista semanal, onde sugerem que você pisou no fruto, agora proibido. Ou seja, é o fim do caminho de um país que chegará ao apocalipse como sendo do futuro. Você foi apresentada aos brasileiros abduzidos pelas esmolas sociais como a “gerentona”, a mão do PAC, a garantia de continuidade. E seu inventor eleitoral acertou em pelo menos um quesito. Você de fato tem garantido a continuidade, pois o caos econômico agora saiu do armário e assumiu sua verdadeira identidade.
Como já lhe relatei, fui criado para ser um cavalheiro, o que a salvou de qualquer impropério redacional de minha parte. O que não significa que jamais tenha pensado qualquer besteira em relação a esse governo magnífico que você comanda. Por ser cavalheiro na essência, aprendi que o asseio pessoal é algo importante no trato pessoal. Por isso sempre tenho à mão uma “balinha” refrescante para que um eventual escorregão do hálito me deixe em palpos de aranha. Mas até isso, o hálito agradável, você e seus espetaculares assessores conseguiram aniquilar.
É compreensível que você questiona essa minha colocação. Por isso desço aos detalhes, não sem antes voltar no tempo. Quando Fernando Collor, agora seu aliado de primeira hora, começou a cometer sandices no poder, não demorei a afirmar que o outrora caçador de marajás conseguira a proeza de destruir, por algum tempo, marcas mundialmente famosas, apenas porque durante algum tempo os respectivos produtos foram o objeto do desejo da putrefata “República de Alagoas”. Pelo ralo “collorido” escoou a reputação do ótimo uísque escocês Logan, dos relógios Breitling, das canetas Montblanc e das gravatas Hermés. Fortes, essas marcas deram, com a elegância necessária, um drible na corrupta e utópica era Collor, permanecendo no mercado com a força e a confiança de sempre.
Você, Dilma, cristã nova nesse partido dito dos trabalhadores, conseguiu o inusitado. E explico a razão. Além do tomate, as fronteiras celestiais foram ultrapassadas pelo preço da cebola. Isso significa que, ao contrário do que aprendi, bafo de cebola agora é chique. A situação é tão desesperadora, inoperante Dilma, que já há em muitas cidades rodízio de vinagrete com picanha de brinde. Sacoleiros que antes iam ao Paraguai à caça de eletrônicos com preços convidativos agora contrabandeiam tomate. O crime organizado está se especializando em roubar cebola e tomate.
A economia brasileira mais parece um bêbado fazendo malabarismo à beira do precipício, mas você, Dilma, financiada pelo suado dinheiro do contribuinte, foi a Belo Horizonte para vociferar inverdades em evento do PT. Tudo porque Minas Gerais é o reduto eleitoral de Aécio Neves e atirar tomates em seu eventual adversário na corrida presidencial de 2014 é mais caro do que tirar o Aerolula do chão.
Sabe, Dilma, cada dia que passa mais admiro sua coragem e vocação para a mitomania. Na capital mineira você afirmou que no Brasil há “pessimistas especializados”. Quer dizer então, Dilma, que quando o dinheiro acaba e o mês sobra é porque sou um “pessimista especializado”? Ou será que a sua especialidade, como a de dez entre dez petistas, é a incompetência irreversível?
Dilma, seu conhecimento de economia é tão vasto e profundo quanto o meu na área de foguetes. Traduzindo, você á uma ilustre néscia na seara econômica. E os números da crise não me deixam mentir.
Tão abusada quanto oportunista, você disse em BH que seus críticos torcem para que o Brasil dê errado. Só mesmo um louco de hospício para acreditar em tal afirmação. A extensa maioria dos brasileiros reclama da crise e sonha com o aeroporto internacional mais próximo, mas isso é decorrente de uma torcida contra? Só mesmo você para se agarrar a tamanha sandice.
Dilma, o salário mínimo vale a incrível fortuna de R$ 678 e você ainda acredita que torcemos para que tudo saia errado. O máximo aceitável, Dilma, é você se achar um gênio. Até porque, não é qualquer despreparado que regurgita abobrinhas quando discursa, larga pepinos por onde passa e transforma bafo de cebola em luxúria.
Receba, Dilma, os cordiais e nada sinceros cumprimentos de alguém que faz companhia para dezenas de milhões de brasileiros que se equilibram na bamba corda da incerteza.