Passo acima – Contrariando as expectativas dos palacianos, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu aumentar em meio ponto percentual a taxa básica de juro (Selic), que passa de 7,5% para 8% ao ano.
Integrantes do governo da presidente Dilma Rousseff apostavam em eventual manutenção da Selic, sob a justificativa de que o fraco desempenho da economia no primeiro trimestre deste ano (0,6% de crescimento) seria suficiente para o Copom não alterar o juro.
De chofre a decisão do Copom mostra a preocupação do Banco Central em relação à economia brasileira no longo prazo, enquanto o governo luta para encontrar medidas de impacto que provoquem um choque no processo de contenção da inflação. O governo do PT erra ao centrar esforços no combate à inflação, o que apenas beneficia o projeto de reeleição de Dilma, quando o correto seria enfrentar o processo inflacionário. Em outras palavras, o governo combate o efeito sem se preocupar com a causa.
A decisão do Copom anunciada na noite desta quarta-feira (29) mostra um movimento do Banco Central para a retomada da independência perdida nos últimos meses, no vácuo da ingerência de Dilma Rousseff e seus estafetas em assuntos que competem exclusivamente à autoridade monetária.
Qualquer medida dessa natureza, como a desta quarta-feira, não produz efeitos imediatos na economia, mas a partir de seis a nove meses. Ou seja, o BC está preocupado também com o comportamento da economia no próximo ano que será crucial para Dilma Rousseff.
Com a medida, a economia brasileira tende a registrar pífio crescimento em 2013, uma vez que Guido Mantega já anunciou que o governo não adotará novas medidas de estímulo, como sempre pontuais e atrasadas. Tudo o que foi feito até então, com comprovada inocuidade, serviu somente para complicar as contas públicas, o que comprometerá investimentos futuros por parte do governo.
A postura do Banco Central, contrária aos interesses do governo, coloca o ainda ministro da Fazenda em situação de extrema dificuldade. Sua permanência no cargo se dará por um ato de teimosia da presidente Dilma Rousseff, que além de cumprir ordens do antecessor Lula não pode, a essa altura dos acontecimentos, reconhecer que foi equivocada a política econômica adotada pelo governo.
Não causará qualquer surpresa se nos próximos dias o desgastado e desacreditado Guido Mantega pedir demissão, se assim sua vaidade permitir. O que se sabe com certeza é que Mantega há muito é motivo de piadas no mercado financeiro nacional.