Fora do tom – Vencida a polêmica que tomou conta da campanha anti-aids do Ministério da Saúde, que alcançou seu ápice com a frase “Eu sou feliz sendo prostituta”, a pasta retoma ação após a demissão do diretor do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids.
O mais acintoso nessa epopeia é que o demitido conseguiu a proeza de afirmar que a campanha, que foi suspensa, trazia uma discussão filosófica sobre a prostituição. Em um país cuja população é eminentemente conservadora e carente de exemplos de conduta e valores mroais, unir prostituição e filosofia é no mínimo falta de sensibilidade, por que não afirmar que se trata de imbecilidade oficial.
O objetivo da campanha, pelo que se sabe, é alertar as camadas vulneráveis da população para o perigo da Aids e a importância da prevenção, não colocar na pauta do cotidiano uma discussão sobre a felicidade e a prostituição. A extensa maioria das pessoas que ingressam no universo do lenocínio o faz por falta de opção, não porque encontram a felicidade em uma atividade que ainda é mal vista pela sociedade.
A polêmica resultou do desejo incontrolável da esquerda tupiniquim de promover uma revolução social através do confronto, quando na verdade o País precisa retomar a rota da coerência, algo abandonado no vácuo do populismo barato que subiu a rampa do Palácio do Planalto no embornal político do lobista-fugitivo Lula.
Quem acompanha o cotidiano da política nacional não ficou surpreso com a incursão desastrada do Ministério da Saúde, pois há anos o governo do PT publicou em um dos sites oficiais um abecedário que ensinava o passo a passo para se tornar uma prostituta, com direito a discas de moda e técnica de abordagem dos clientes. Polêmica idêntica, o material foi retirado do ar.
Contudo, não é de se estranhar que um partido como o PT, que com o Mensalão turbinou a prostituição política, tenha apostado suas fichas em campanha tão obtusa e desnecessária, que fugiu radicalmente do objetivo. Mesmo assim, é preciso reconhecer que, mesmo a profissão sendo condenada pela sociedade, as prostitutas são mais bem vistas do que os políticos. Não por acaso, certa vez, em tempos de eleição, surgiu a frase “Vote nas mães, porque nos filhos não adianta”.