Fantasma em campo – Se no histórico geral o México é, com sobras, freguês da Seleção, na memória recente do brasileiro é um algoz. E quando o time de Luiz Felipe Scolari entrar no Castelão, na quarta-feira (19), pela segunda rodada do grupo A da Copa das Confederações, um clima de revanche será inevitável – o que os jogadores deixam escapar em seu discurso.
O México já derrotou o Brasil em uma final de Copa das Confederações (1999); em duas decisões de Copa Ouro (1996 e 2003); e, já com a geração de Neymar em campo, na disputa pela medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres, no ano passado. A derrota em Wembley ficou marcada pelo choro de alguns jogadores, como Lucas, na época ainda debutando com a camisa da Seleção.
“Não tem como esquecer. Mas é um novo momento, uma nova competição, com um novo grupo e um novo técnico”, disse o meia-atacante do Paris Saint-Germain. “Não dá tempo de pensar em nada que não seja o próximo jogo. A Copa das Confederações passa voando.”
Na partida em Fortaleza, estarão em campo pela Seleção seis jogadores que defenderam o time de Mano Menezes nos Jogos de Londres – além de Neymar e Lucas, Marcelo, Oscar, Hulk e Thiago Silva. O capitão brasileiro, por sinal, não esconde que o México já é, há algum tempo, uma pedra no sapato.
“Já estou há um bom tempo engasgado com o México”, afirmou o zagueiro. “Mas não será uma revanche. Tenho a certeza de que será mais difícil do que a final olímpica, já que os jogadores são mais experientes.”
Técnico mexicano sob pressão
Do atual elenco mexicano, oito jogadores participaram na conquista do ouro olímpico – o goleiro Corona, Hiram Mier, Diego Reyes, Javier Aquino, Carlos Salcido, Héctor Herrera, Giovani dos Santos e Raúl Jimenez. Mas a equipe vive, neste ano, um momento muito distinto daquele de meados de 2012.
Já pressionado pelo mau desempenho nas Eliminatórias da Concacaf, o técnico José Manuel de la Torre viu as críticas a seu trabalho aumentarem após a derrota para a Itália, por 2 a 1, no domingo. Na chegada a Fortaleza, nesta segunda-feira, a comissão técnica decidiu fechar o treino para torcida e imprensa e manter mistério sobre a escalação.
“Sempre disse que estamos correndo como loucos e que nos falta volume de jogo”, criticou Salcido, sem esconder o descontentamento com os últimos resultados do México. “Temos que ter personalidade e não jogar com medo. Temos que mudar muito para enfrentar o Brasil.”
Os brasileiros querem aproveitar o momento conturbado do México para reverter o panorama recente do confronto. Nos últimos dois jogos oficiais, foram duas vitórias do México – na Copa das Confederações de 2005 e na Copa América de 2007. E para conseguir o objetivo, Felipão deve repetir o mesmo time que derrotou o Japão no sábado, por 3 a 0. “É verdade que eles vêm complicando a nossa vida ultimamente, mas está na hora de acabarmos com isso”, disse o técnico brasileiro. (Deutsche Welle)
Prováveis escalações
Brasil: Júlio César; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho e Oscar; Neymar, Hulk e Fred. Técnico: Luiz Felipe Scolari.
México: José Corona; Severo Meza, Francisco Rodríguez, Héctor Moreno e Carlos Salcido; Jesús Zavala, Gerardo Torrado, Andrés Guardado e Javier Aquino (Pablo Barrera); Giovani dos Santos e Chicharito Hernández. Técnico: José Manuel de la Torre.
Local
Estádio Governador Plácido Castelo (Castelão) – Fortaleza
Árbitro
Howard Webb (Inglaterra), auxiliado por seus compatriotas Michael Mullarkey e Darren Cann.
Destaques
Brasil
Oscar: A comissão técnica não esconde a satisfação com o desempenho do meia do Chelsea. Eleito melhor jogador em campo na partida contra o Japão, foi ele o autor do passe para o gol de Jô, que selou a vitória por 3 a 0.
México
Giovani dos Santos: Filho de brasileiro, o meia-atacante do Mallorca, da Espanha, é o principal responsável pela armação das jogadas mexicanas. Foi ele quem sofreu o pênalti que resultou no gol de Chicharito na derrota para a Itália.
Retrospecto
Em 37 jogos entre as seleções principais, são 21 vitórias para o Brasil e dez para o México.
Último confronto
As duas seleções se enfrentaram pela última vez com suas equipes principais em 12 de junho do ano passado, em amistoso nos Estados Unidos. Os mexicanos venceram por 2 a 0. Um mês depois, na decisão dos Jogos Olímpicos, o México voltou a levar a melhor: 2 a 1.
Curiosidade
Um dos líderes do atual elenco mexicano, o meio-campista Gerardo Torrado esteve na decisão da Copa Ouro de 2003 e na da Copa das Confederações de 1999 – ambas terminadas com vitória sobre o Brasil.