Mudança de rumo – Constitucionalista respeitado, o vice-presidente Michel Temer está disposto a mandar pelos ares não apenas o conhecimento jurídico, mas a própria palavra. Após declarar na manhã desta quinta-feira (4), em entrevista à imprensa, que seria “impossível” realizar um plebiscito sobre a reforma política a tempo de as novas regras, após aprovadas pelo Congresso Nacional, valerem para as eleições de 2014, Michel emitiu nota há instantes para informar que “o governo mantém a posição de que o ideal é a realização do plebiscito em data que altere o sistema político-eleitoral já nas eleições de 2014”.
Na nota, o vice-presidente afirma que a declaração dada horas antes “relatou a opinião de alguns líderes da base governista na Câmara, em função dos prazos indicados pelo TSE para a consulta popular”.
Depois de reunião com líderes partidários no Palácio Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República, Michel Temer foi enfático ao destacar a falta de condições para a realização do plebiscito e que “qualquer reforma que venha só se aplicará para as próximas eleições e não para esta [2014]”.
“A esta altura, embora fosse desejável, temporalmente é impossível. O Tribunal Superior Eleitoral, muito adequadamente, fixou o prazo de 70 dias a partir dos temas apresentados ao TSE. O que é inexorável tem que ser aceito”, afirmou Temer.
A repentina mudança de opinião de Michel Temer leva a crer que, direto de Salvador, a presidente Dilma Rousseff entrou no circuito e obrigou o seu vice a desmentir o que foi declarado com excesso de convicção. Essa manobra truculenta e sorrateira deve incendiar o PMDB e gerar uma fatura política que dificilmente os palacianos conseguirão quitar.