Sem saída – Depois de muita pirotecnia oficial, o desencontrado governo da petista Dilma Rousseff desistiu do período suplementar de dois anos para os cursos de Medicina. A medida, idealizada por Aloizio Mercadante, ministro da Educação, foi duramente criticada porque o período para a conclusão do curso passaria de oito para dez anos. Pressionado pelas cobranças que ecoaram a partir das manifestações que tomaram conta das ruas de muitas cidades brasileiras, o governo tentou obrigar os estudantes de Medicina a cumprirem um período compulsório, de dois anos, no setor de atendimento do Sistema Único de Saúde.
De acordo com Mercadante, que protagoniza mais um fiasco, o governo decidiu acolher a proposta de uma comissão de especialistas que analisaram a medida que fazia parte do programa “Mais Médicos”. Com essa desistência, os estudantes de Medicina poderão concluir o curso em seis anos, mais dois anos correspondentes à chamada “residência médica”, que se confunde com a ideia inicial do governo.
Com a proposta apresentada pelo grupo de especialistas, os médicos recém-formados farão a especialização durante a residência médica, a exemplo do que ocorre atualmente, mas o primeiro ano será obrigatoriamente no setor de urgência e emergência de uma unidade do SUS. No segundo ano, o recém-graduado atuará na área de especialização escolhida. Apesar de derrubar a absurda ideia do governo, a mencionada proposta reduz pela metade o tempo de especialização.
“Isso [a proposta de que os médicos recém-formados atuem na urgência e emergência do SUS durante a especialização] dialoga com a medida provisória e criou uma unanimidade entre todos os diretores de faculdades, a Associação Brasileira de Educação Médica e a comissão de especialistas. Houve unanimidade neste entendimento, e a gente acolhe isso de forma muito positiva”, disse Mercadante após reunião com reitores de universidades federais e entidades de Medicina, encontro cuja pauta foi o programa “Mais Médicos”.
A saúde pública encontra-se em estado caótico, possivelmente o pior momento do setor em toda a história do País, mas somente depois de dez anos no poder central é que o PT decidiu se movimentar para reverter o vexame. A paralisia dos palacianos diante da saúde pública é criminosa, além de desmontar a profecia corroída de Lula, que em meados de 2006 afirmou que o setor estava a um passo da perfeição.