Fora do tom – Há algo estranho no imbróglio do suposto cartel criado para participar das licitações do metrô de São Paulo e da CPTM. Com a investigação do caso sob o comando do Cade, que é dirigido pelo petista Vinícius Duarte de Carvalho (é sobrinho de Gilberto Carvalho), o PT aproveitou a oportunidade para vazar informações, de forma seletiva, para a imprensa.
Marcada pela covardia, a operação tem o estrito objetivo de colocar o PSDB paulista na berlinda, até porque o plano maior do PT, em 2014, é tomar de assalto o mais importante e rico estado da federação, São Paulo.
Não se trata de defender os supostos envolvidos no escândalo, mas é preciso respeitar leis e regras na condução de investigações. Ao negar pedido do governo de São Paulo para que o acesso aos documentos fosse franqueado às partes, a Justiça alegou por conta do conteúdo os documentos estão sob sigilo. Compreensível, mas essa imposição não foi respeitada pelo PT.
O mais interessante nessa epopeia é que a alemã Siemens, que fez parte do suposto cartel e resolveu denunciar o esquema, vem sendo tratada com deferência pelo governo do PT, enquanto que o governo de São Paulo saiu da condição de vítima para a de réu. Estranho, se considerarmos que a investigação do Cade tinha a formação de cartel como foco.
As acusações contra o governo paulista, que na verdade são contra o PSDB, ganham cada vez mais espaço na imprensa, apesar de terem como base declarações de dirigentes da Siemens.
Identificados os supostos envolvidos no esquema, a lei deve ser aplicada no auge do seu rigor, sem qualquer tipo de privilégio. Não importa se o PSDB vier a colher um dividendo político negativo com o desfecho do caso, porque o mais importante é o combate implacável à corrupção.
O que não se pode aceitar em um estado democrático de direito é que acusações, por enquanto frágeis em termos de provas, tornem-se verdades absolutas apenas porque ganharam as páginas de grandes veículos da imprensa.