Enganação oficial – É conversa fiada da pior qualidade o anúncio feito pelo ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, de que o governo federal estuda criar um “pronto atendimento judicial” para penalizar as situações de violência e depredação nas manifestações.
“O pronto atendimento judicial ocorreria nas situações que se caracterizarem como abusivas ao longo das manifestações para que as pessoas tenham seus direitos atendidos ou o próprio Estado, ao ver situações de ilegalidade, possa atuar sem perder uma agilidade necessária”, afirmou Cardozo.
O anúncio foi feito após o após o ministro reunir-se, na quinta-feira (7), com os secretários de Segurança Pública Fernando Grella (São Paulo) e José Maria Beltrame (Rio de Janeiro), Flavio Sirangelo, representante do Conselho Nacional de Justiça (CNJ); o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP); e Claudio de Souza Neto, secretário-geral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Além da proposta do ministro José Eduardo Cardozo, de criar uma Justiça itinerante específica para manifestações marcadas pela violência, o procurador Rodrigo Janot sugeriu a criação de “um fórum de diálogos sociais”, para que os cidadãos possam denunciar situações de violência.
“Órgãos do Estado brasileiro criariam, inicialmente nesses dois Estados, o fórum justamente para que as pessoas pudessem comparecer e contar situações de violência, denunciar arbítrios, seja do mundo privado ou do mundo público”, disse o chefe da Procuradoria da República.
Essa fumaça que surgiu a partir do encontro é mais um embuste com o carimbo do Palácio do Planalto. Primeiro porque criar fóruns para que os cidadãos relatem situações de violência é desnecessário, pois a tecnologia permite que imagens das manifestações sejam gravadas e transmitidas em tempo real, o que dispensa qualquer discussão filosófica acerca do tema. O País clama apenas e tão somente pela manutenção da ordem, enquanto a alguns interessa, por questões meramente políticas, a instalação do caos e do medo.
Imaginar que o governo do PT agirá contra os baderneiros é o mesmo que acreditar em Papai Noel e suas renas. Se o Palácio do Planalto colocar em prática essa proposta dúbia, o PT terá de permanecer calado diante da punição de integrantes do MST, por exemplo, acostumados a depredar o que encontram pela frente durante as invasões de propriedades alheias.
Nesta sexta-feira (8), integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra depredaram uma praça de pedágio no interior do Rio Grande do Sul, ateando fogo nas cabines. Esse seria um caso para a anunciada Justiça itinerante resolver, mas que encontraria dificuldades porque o Rio Grande do Sul está sob comando do peremptório Tarso Genro, um petista de carteirinha que adora surgir em cena a reboque de situações polêmicas.
“Órgãos do Estado brasileiro criariam, inicialmente nesses dois Estados, o fórum justamente para que as pessoas pudessem comparecer e contar situações de violência, denunciar arbítrios, seja do mundo privado ou do mundo público”. A proposta do fórum também será apresentada pelo no próximo dia 25, mas pelo CNMP.