Conversa fiada – A Comissão de Ética da Presidência da República decidiu, por unanimidade, advertir o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinícius Duarte de Carvalho, que comandou a investigação sobre formação de cartel liderado pela Siemens e vazou de maneira direcionada detalhes do processo, com o estrito objetivo de prejudicar o governo tucano de São Paulo. Na prática essa advertência será uma mera citação no currículo de Vinícius, que é sobrinho de Gilberto Carvalho, homem de confiança de Lula e atual secretário-geral da Presidência.
O processo foi aberto pela Comissão de Ética após o jornal “O Estado de S. Paulo” revelar que Vinícius Carvalho omitira em pelo menos quatro currículos oficiais o fato de ter trabalhado para o deputado estadual Simão Pedro (PT-SP), responsável por denunciar a formação de cartel, superfaturamento e pagamento de propina envolvendo contratos do Metrô de São Paulo e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Na ocasião dos fatos, Simão Pedro alegou que não mantinha mais contato com o presidente do Cade, mas na última semana ficou provado que o parlamentar petista levou a Vinícius informações sobre o caso do cartel metroferroviário paulista. Nos registros do Cade consta uma vista de Simão Pedro ao presidente do órgão.
De acordo com Américo Lacombe, presidente da Comissão de Ética, advertência a Vinícius Carvalho foi aplicada pelo fato de ele ter assumido a presidência do Cade sem que sua desfiliação do Partido dos Trabalhadores tivesse sido efetivada. Como se isso mudasse alguma coisa no caso da Siemens, que só investigada por formação de cartel em São Paulo e no Distrito Federal, neste caso no período em que o governador era José Roberto Arruda.
A mesma Comissão de Ética decidiu, também nesta segunda-feira, abrir procedimento para investigar o uso de helicóptero da Polícia Rodoviária Federal, em Santa Catarina, pela ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. A petista usou aeronaves utilizadas no resgate de acidentados nas rodovias sob a responsabilidade da PRF.
Se o escândalo das lanchas-patrulha do Ministério da Pesca, que já esteve sob o comando de Ideli, terminou em enorme e mal cheirosa pizza, o uso dos helicópteros da Polícia Rodoviária Federal resultará no máximo em uma pequena advertência. Até porque, ninguém utiliza aeronaves da PRF sem que o governo saiba. Nesse caso específico, o ministro José Eduardo Martins Cardozo, da Justiça, também deveria receber advertência, pois a corporação está no guarda-chuva da pasta.