(*) Lígia Fleury –
Poderia ser dia 20 de julho, 6 de janeiro, 13 de março. Mas hoje é 20 de novembro.
Alguns municípios do nosso país estão aproveitando o feriado de hoje. Alguns municípios apenas… O que nos mostra que nem todos comungam da mesma opinião sobre essa data. Isso é democracia.
Como Educadora, o dia em questão me leva a outra reflexão: a tal da Democracia, que entendo ser algo como a opinião pública sendo respeitada, o povo sendo governado por quem ele próprio elegeu, os direitos e deveres do cidadão sendo vividos. E aqui temos outro problema: o povo brasileiro carece de memória… memória imediata e memória de longo prazo!
Então, hoje, 20 de novembro, proponho outra reflexão: Por que a sociedade não se une, de verdade, para mudar o que está ruim? Por que a sociedade não se mobiliza, de verdade, para fazer valer seus direitos?
Ações ajudariam muito mais do que reações.
Quando falo do ensino, coloco público e privado na mesma categoria: o bom e o ruim de ambos, as experiências positivas e as negativas de ambos.
É fácil criticar. Quero ver a ação das ações!
Educação só acontece na parceria família-escola, isso é fato. Porém, tempos atrás, a parceria da família consistia em iniciar a educação em casa, para que o respeito ao professor, o respeito ao conhecimento fluísse como algo absolutamente natural, dentro do que entendo por nação civilizada.
Hoje, essa parceria mudou o foco. Para que a educação tenha qualidade, a família tem que denunciar, tem que brigar com a escola, tem que exigir o direito aos duzentos dias letivos. Está errado isso!
Ou, em outro extremo, muito pior, a família briga porque a escola educa, cobra, coloca limites, exige estudo.
Educação só acontece na parceria. O que vemos hoje é uma batalha: pais de um lado e escola de outro, como se um não precisasse do outro.
Onde foi que se perderam os princípios da Educação? Quando foi que se tornou necessário fazer leis para que todos os seres humanos convivam de igual para igual?
Quem determinou que apenas alguns podem ter acesso ao ensino de qualidade?
Onde está a Democracia quando não vejo, em nenhuma escola pública, alunos com melhor condição financeira que os habituais frequentadores dessa instituição?
Quem garante que algumas escolas públicas não são melhores que muitas das particulares?
Onde está escrito e provado que todas as escolas públicas são ruins e que todas as particulares são ótimas?
O ensino está ruim sim e isso independe de cor, raça, nível social. Basta ver as famosas “Pérolas do Enem”, na internet. Basta conhecer as notas nos exames que avaliam a qualidade do conhecimento dos alunos.
Um professor de escola pública não tem formação para ser professor de escola privada e vice-versa?
Ora, são realidades diferentes e isso é inegável. Mas a formação de todos os professores deveria qualificá-los para o ensino de qualquer instância, simplesmente porque uma não pode ser melhor ou pior do que a outra; simplesmente porque o “material” de todos os professores é único, é o mesmo: é HUMANO.
Então, por que as diferenças?
Então, por que o dia 20 de novembro?
(*) Lígia Fleury é psicopedagoga, palestrante, assessora pedagógica educacional, colunista em jornais de Santa Catarina e autora do blog educacaolharcomligiafleury.blogspot.com.