Para depois – O ano de 2013 caminha para o seu epílogo, mas até agora o governador Geraldo Alckmin, de São Paulo, não trouxe a público qualquer detalhe da investigação sobre o suposto cartel liderado pela Siemens para fornecer material metroferroviário para o Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. Tão logo o assunto veio à tona, por meio de vazamento direcionado de informações capitaneado pelo Cade, Alckmin anunciou a formação de uma comissão externa para tratar do assunto, sem que ao menos uma informação fosse divulgada.
Geral do Alckmin disse que no caso de formação de cartel o estado de São Paulo era vítima e como tal buscaria seus direitos na Justiça. Para pleitear qualquer tipo de indenização é preciso, antes de tudo, apresentar provas. A Assembleia Legislativa de São Paulo tentou instalar uma CPI para apurar as denúncias de formação de cartel e pagamento de propina, mas o PSDB e os aliados blindaram o Palácio dos Bandeirantes. Ou seja, os tucanos fizeram no Legislativo paulista exatamente o que fazem os petistas no Congresso Nacional, sempre sob as necessárias críticas da oposição.
Ora, se o Estado de São Paulo é vítima, como afirmou Alckmin, não há razão para barrar a criação de uma CPI, principalmente quando o governo tem folgada maioria na Assembleia. Por enquanto não se pode apontar o indicador e afirmar que esse ou aquele político é culpado, mas essas manobras que impedem o esclarecimento dos fatos servem apenas para recrudescer as suspeitas, que não são pequenas. Ademais, quem conhece os meandros do poder sabe que não se faz política sem dinheiro, seja sujo ou limpo.
O grande erro do PSDB foi se acovardar diante das denúncias de um partido como o PT, que na última década mostrou a sua vocação para a delinquência política. Contundo, pior é o tucanato levar uma carraspana do ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, que, como se sabe, não é um gênio do Direito e muito menos uma ode à moralidade. Até porque, o documento que embasou o pedido feito à Polícia Federal para que investigasse o caso é uma fraude grosseira, que em qualquer país minimamente responsável já teria levado o ministro à delegacia mais próxima.
Corrupção é crime e deveria ser classificado como hediondo, não importando a bandeira ideológica de quem o comete. Alckmin tem o dever de permitir que a verdade sobre o Siemensgate venha à tona, independentemente de qual seja o resultado das investigações.
No contraponto, o PSDB precisa aprender a fazer política, pois entrar no jogo rasteiro e bandoleiro do PT é, além de degradante, dar um tiro no pé. Se os tucanos nada têm a temer, com garante o governador paulista e seus aduladores, que deixe as investigações seguirem o rumo necessário, desde que dentro da legalidade. Nada justifica a operação abafa comandada pelo governo.