Ucrânia: protesto termina em confronto violento entre manifestantes e polícia

(Reuters - Gleb Garanich)
(Reuters – Gleb Garanich)
Covardia oficial – Um novo protesto contra o governo da Ucrânia terminou em confronto violento com a polícia de Kiev no domingo (19). A confusão começou quando centenas de manifestantes, armados com pedaços de pau e usando máscaras, tentaram desfazer o bloqueio policial que barrava o acesso deles ao prédio do Parlamento ucraniano. Eles ainda usaram explosivos e extintores de incêndio na ação.

Dezenas de manifestantes ficaram feridos. Dez policiais foram hospitalizados e, segundo o governo, quatro estão em estado grave. O parlamentar e ex-boxeador Vitali Klitschko, líder da oposição, tentou conter os manifestantes e acalmar os ânimos, mas acabou sendo atacado por um ativista com espuma de extintor. Um ônibus foi incendiado.

Os manifestantes gritavam palavras como “vergonha” e “revolução”. Alguns jogaram pedras e coquetéis molotov contra policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo, além de jatos de água, a fim de dispersar a multidão.

O confronto ocorreu pouco depois de um protesto pacífico ocorrido na Praça da Independência, na capital ucraniana, do qual participaram 100 mil pessoas. Elas são contrárias à decisão do presidente Victor Yanukovych de congelar as negociações com a União Europeia para a entrada do país no bloco, ao mesmo tempo em que se aproxima da Rússia. Desde então, Moscou prometeu um crédito de 15 bilhões de euros como ajuda aos ucranianos.

Direitos cerceados

Na semana passada, a bancada governista no Parlamento aprovou a adoção de leis que limitam os direitos dos ucranianos de realizarem protestos no país. A nova legislação foi duramente criticada pela União Europeia e os Estados Unidos, que a consideraram antidemocrática.

As novas regras proíbem a instalação de palcos ou tendas em praças públicas sem autorização, assim como o uso de máscaras e capacetes por manifestantes – o que levou muita gente a usá-los neste domingo, justamente para desafiar a imposição. Também fica passível de punição – até cinco anos de prisão – a ocupação de prédios públicos.

Os protestos contra Yanukovytch começaram em novembro passado e se expandiram no país, acirrando os ânimos entre governo e oposição. Desde então, opositores e jornalistas vêm alegando estarem sendo atacados, assediados e perseguidos pelo governo.

Sem ver qualquer mudança no horizonte, os manifestantes também questionam os líderes da oposição. Vaiado no protesto na praça da Independência, Klitschko ainda não demonstrou ter encontrado uma estratégia de negociação e tampouco conseguir unir a oposição. O ex-boxeador, apoiado pelas lideranças ocidentais para as próximas eleições da Ucrânia, defende uma troca pacífica de poder.

Outro oposicionista de peso, Arseni Jazenjuk, também alerta sobre as consequências de uma troca de poder sangrenta. Segundo ele, a saída de Yanukovich precisa ocorrer de maneira pacífica. (Com agências internacionais)