Impasse continua – Ao menos 25 pessoas morreram nos confrontos entre manifestantes e forças do governo em Kiev, capital da Ucrânia, na noite desta terça para quarta-feira (19), segundo nota divulgada pelo Ministério da Saúde.
Além das vítimas fatais, outras 241 pessoas foram hospitalizadas, incluindo 79 policiais e cinco jornalistas, afirma a nota. Um repórter do diário ucraniano Westi foi morto a tiros por um mascarado. Já o Ministério do Interior afirmou que ao menos nove policiais morreram em meio aos tumultos.
Segundo informações da mídia, ainda não confirmadas, outros corpos estariam sendo velados no convento Michailovsky, na capital ucraniana. No total, as autoridades do país afirmaram que até mil pessoas podem ter saído feridas.
Após horas de confronto, a polícia ganhou terreno durante a noite na Praça da Independência (Maidan), centro de três meses de protestos contra o presidente ucraniano, Viktor Yanukovych. Um prédio sindical ao lado da praça, usado como quartel-general pela oposição, teve de ser evacuado por causa de um incêndio.
Os tumultos se espalharam para ao menos três cidades do oeste ucraniano. A polícia informou que os manifestantes ocuparam as sedes administrativas nas cidades de Ivano-Frankivsk e Lviv. Segundo relatos da mídia, os manifestantes também teriam incendiado a principal delegacia da cidade de Ternopil.
Após os tumultos mais sangrentos na história recente da ex-república soviética, opositores do governo se preparam para novos confrontos com as forças de segurança na Praça da Independência. Na manhã desta quarta-feira, os policiais já ocupavam um terço da praça, enquanto novos ônibus com manifestantes provenientes do oeste do país chegavam a Kiev.
Reunião sem resultados
Durante a madrugada, um encontro entre Yanukovych e os líderes oposicionistas Vitali Klitschko e Arseny Yatsenyuk para se chegar a um fim da violência não deu resultados, disse Klitschko.
“O governo deve retirar imediatamente as suas tropas e pôr um fim ao conflito sangrento porque pessoas estão morrendo. Eu disso isso a Yanukovych”, afirmou Klitschko após a reunião. “Como é possível manter conversas enquanto o sangue está escorrendo?”
O presidente ucraniano justificou o procedimento violento das forças de segurança, afirmando que a oposição “ultrapassou os limites” na tentativa de chegar ao poder através das ruas.
“Os líderes da oposição têm negligenciado o princípio da democracia onde o poder é obtido em eleições e não na rua.” O chefe de Estado ucraniano afirmou ainda que a oposição seria responsabilizada por “instar a população a pegar em armas”. O presidente ucraniano disse que apelar à violência e às armas seria uma “violação flagrante”, pela qual os responsáveis “serão levados perante a Justiça”.
Mais tarde, em comunicado, Yanukovych exigiu dos líderes oposicionistas que se distanciassem dos radicais, afirmando que, caso contrário, ele passaria a “falar de forma diferente” com os dirigentes da oposição.
Entre a Rússia e o Ocidente
Desde que, sob pressão da Rússia, Yanukovych cancelou um acordo de associação já acertado com a União Europeia (UE), aceitando em vez disso um empréstimo de resgate financeiro de Moscou, em novembro do ano passado, os protestos se espalharam pelo país altamente endividado.
As potências ocidentais alertaram Yanukovych para não tentar reprimir os protestos dos manifestantes pró-europeus, instando o presidente ucraniano a retornar para a UE e para a perspectiva de uma recuperação econômica apoiada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A Rússia, por sua vez, acusou os países ocidentais de ingerência em assuntos internos.
Após a violência desta terça-feira, o vice-presidente americano, Joe Biden, conversou ao telefone com Yanukovych, instando-o a retirar as forças do governo da Praça Maidan e a exercer o máximo de moderação. (Com agências internacionais)