“Estou convencido de que uma clara maioria de ucranianos votará a favor de uma Ucrânia unida, independente e democrática”, sublinhou Turtchinov, referindo-se à ideia de um plebiscito sobre a instituição de um sistema federalista no país. Ele anunciou que a consulta poderia ser realizada no mesmo dia das eleições presidenciais, previstas para 25 de maio. Tanto os separatistas pró-russos como Moscou se manifestaram insistentemente por mais autonomia às regiões de maioria russa.
Prazo esgotado
O governo ucraniano determinou no domingo o que chamou de uma “operação antiterrorista” no leste da Ucrânia, dando um ultimato às milícias pró-russas para que deponham as armas até a manhã desta segunda-feira. Após o esgotamento desse prazo, entretanto, nada parecia indicar que os separatistas estariam dispostos a cumprir a exigência de Kiev.
Em combates entre tropas de elite e milícias várias pessoas foram mortas e feridas no domingo, conforme o ministro do Interior ucraniano, Arsen Avakov. De acordo com ele, a operação se concentrou na cidade de Slaviansk. A administração da região de Donetsk relatou “conflitos armados” em uma estrada entre Slaviansk e Donetsk.
“Foi derramado sangue na guerra que a Rússia conduz contra a Ucrânia”, afirmou Turtchinov na noite de domingo, num discurso transmitido pela televisão. Ele informou ter determinado uma “grande operação antiterrorismo” para dar fim à instabilidade no leste do país. “Não vamos permitir que a Rússia repita o cenário da Crimeia nas regiões orientais”, acrescentou.
Acusações mútuas no Conselho de Segurança
Rússia e Ucrânia se acusaram mutuamente pelo derramamento de sangue no leste da Ucrânia durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.
O embaixador russo nas Nações Unidas, Vitaly Tchurkin, alertou o governo ucraniano contra uma operação militar contra as milícias pró-russas. O representante ucraniano, Yuri Sergueyev, disse que o ataque foi “encenado pela Rússia”.
Churkin disse que só o Ocidente pode acabar com a “guerra civil” na Ucrânia e que Kiev deve suspender imediatamente o “uso da força” contra os ucranianos que vivem no leste do país e iniciar “um verdadeiro diálogo”.
Durante os acalorados debates no Conselho de Segurança, nenhum dos 14 membros do grêmio quis ficar ao lado de Moscou.
Alemanha se mostra preocupada
A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Samantha Power, acusou a Rússia de estar por trás das revoltas, afirmando que os incidentes foram “escritos e coreografados” pela Rússia. Power exigiu, além disso, que a Rússia retire suas tropas da fronteira com a Ucrânia.
O embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, acusou a Rússia de tentar impor sua vontade ao povo da Ucrânia, através de “desinformação, intimidação e agressão”. Seu colega francês, Gérard Araud, disse, em referência à anexação da Crimeia pela Rússia, que o cenário no leste da Ucrânia recorda os acontecimentos naquela península há um mês.
Na próxima quinta-feira, EUA, Rússia, Ucrânia e União Europeia pretendem se reunir em Genebra pela primeira vez para tratar da crise ucraniana. O ministro do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, pediu a Moscou que se empenhe para ir à reunião. Ele afirmou que a situação está tão delicada que “os responsáveis, no leste e no oeste, têm de se encontrar para evitar algo pior”, afirmou o político em entrevista à TV alemã. (Com agências internacionais)