Virou baderna – Não bastasse a preocupante crise econômica, que diariamente se faz presente no bolso do brasileiro, a presidente Dilma Vana Rousseff enfrente uma grave crise institucional, com manifestações inclusive dentro do seu próprio desgoverno. Em queda nas pesquisas eleitorais e tendo de lidar com o movimento “Volta Lula”, a presidente adotou um discurso populista para comemorar o 1º de Maio, Dia do Trabalho.
Usando a cadeia nacional de rádio e televisão, na noite de quarta-feira (30), Dilma anunciou reajuste de 4,5% na tabela do Imposto de Renda, como forma de minimizar a mordida do Leão no salário dos brasileiros e aumento de 10% no valor do benefício pago pelo programa “Bolsa Família”.
“Acabo de assinar uma medida provisória corrigindo a tabela do Imposto de Renda, como estamos fazendo nos últimos anos, para favorecer aqueles que vivem da renda do seu trabalho. Isso vai significar um importante ganho salarial indireto e mais dinheiro no bolso do trabalhador”, declarou Dilma. “Assinei também um decreto que atualiza em 10% os valores do Bolsa Família recebidos por 36 milhões de brasileiros beneficiários do programa Brasil sem Miséria, assegurando que todos continuem acima da linha da extrema pobreza definida pela ONU. Anuncio ainda que assumo o compromisso de continuar a política de valorização do salário mínimo”, completou a presidente.
O jornal britânico “Financial Times” classificou como “passo populista” a decisão da presidente de aumentar o valor do benefício do Bolsa Família. “O passo populista marca o mais agressivo contra-ataque da presidente contra a oposição, que tenta diminuir sua forte liderança nas pesquisas”, destacou o sisudo tabloide.
Em relação à valorização do salário mínimo, Dilma continua agarrada à onda de mitomania que tomou conta do Palácio do Planalto com a chegada de Lula à sede do Executivo federal. A afirmação de Dilma é uma piada de péssimo gosto, pois o aumento concedido pelo governo ao salário mínimo permite ao trabalhador colocar sobre a mesa, diariamente, apenas um pãozinho e uma banana. Isso poderia se considerado uma conquista se o salário mínimo fosse capaz de garantir uma vida digna ao trabalhador.
Para se ter ideia do absurdo que representa a declaração presidencial, o salário mínimo ideal, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômico (Dieese), deveria ser de R$ 2.992,19, valor 313% superior à remuneração básica atual que é de R$ 724. O cenário piora sobremaneira quando considerado um dado do IBGE sobre a renda do brasileiro. Segundo o instituto, dois terços da população do País recebem menos de dois salários mínimos por mês. Levando-se em conta que nas grandes capitais brasileiras o aluguel de um barraco em favela qualquer não sai por menos de R$ 500, o discurso de Dilma não pode ser levado a sério. Fora isso, a inflação real já deixou para trás o patamar de 20% ao ano, muito acima dos absurdos 6,5% da inflação oficial.
No que tange ao Bolsa Família, Dilma está usando o suado dinheiro do contribuinte para tentar garantir sua reeleição. Mais um absurdo com a chancela petista, pois enquanto o salário mínimo e os benefícios dos aposentados e pensionistas do INSS são majorados de acordo coma inflação, o “mensalinho” do Bolsa Família recebe aumento acima disso.
Tirar o ser humano da miséria é obrigação de qualquer governante, mas mantê-lo na ociosidade é irresponsabilidade e falta de visão político-administrativa. O governo do PT insiste no erro de pagar o benefício sem exigir a contrapartida prevista inicialmente no projeto. De tal modo, o Bolsa Família nada mais é do que a garantia de que os beneficiários do programa continuarão engrossando o curral eleitoral petista.