Alça de mira – Um dia após o site da revista Veja revelar que Gleisi Hoffmann foi quem mais recebeu dinheiro das empresas investigadas na operação Lava-Jato, da Polícia Federal, a senadora tomou outro susto. A petista foi informada que a defesa de seu coordenador de campanha (ela é a candidata do PT ao governo do Paraná), o deputado federal André Vargas, que está ameaçado de cassação por envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, decidiu adotar uma linha de defesa muito perigosa.
Vargas anunciou que pretende convocar o doleiro Youssef como testemunha de defesa no processo por quebra de decoro que tramita no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. A decisão de André Vargas é interpretada como uma sinalização clara para Gleisi e o PT. Deprimido, inconformado com o abandono dos companheiros petistas, o deputado estaria sinalizando que, caso não seja socorrido, dificilmente irá sozinho para o sacrifício. Isso significa que é cada vez maior a possibilidade de o ex-petista revelar tudo o que sabe.
Além de Gleisi, maior beneficiária das doações das empresas flagradas pela PF na Operação Lava-Jato, tem a temer a decisão de Vargas – de levar o doleiro para depor na Câmara – um grupo de 121 parlamentares da atual legislatura, identificados em matéria do site da revista Veja como beneficiários do esquema de Alberto Youssef.
Os advogados José Roberto Batocchio e Michel Saliba, que representam André Vargas, analisam a possibilidade de indicar o doleiro como testemunha de defesa do ex-vice-presidente da Câmara, mas ainda não fecharam a estratégia jurídica.
Por enquanto, a palavra de ordem dos defensores é fazer o deputado licenciado submergir, ideia que atende às expectativas do PT. Contudo, o plano de levar o doleiro para uma oitiva na Câmara dos Deputados provoca pânico, suores frios e mãos trêmulas em muitos políticos.
A avaliação geral é de que André Vargas e o doleiro Youssef estão psicologicamente fragilizados e podem ser induzidos a falar tudo o que sabem. Nesse caso, seriam dois homens-bomba capazes de provocar estragos imensos no PT e nas candidaturas de “companheiros”, como a própria Gleisi e Alexandre Padilha, pré-candidato ao governo de São Paulo, e acusado de vínculos muito suspeitos com o esquema montado a partir do laboratório-lavanderia Labogen.