Jogando a toalha – Italiano de nascimento, Juan Carlos Alfonso Víctor Maria de Bourbon e Bourbon-Duas Sicílias, conhecido como Juan Carlos da Espanha, decidiu abdicar do trono em favor de seu filho, Felipe, Príncipe das Astúrias. Após 39 anos de reinado, Juan Carlos anunciou sua decisão ao chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, nesta segunda-feira (2).
“Estou convencido de que os espanhóis saberão escrever essa nova página da nossa história num ambiente sereno, com tranquilidade e em agradecimento à figura de sua majestade, o rei”, disse Rajoy. De acordo com o primeiro-ministro espanhol, as razões da renúncia serão comunicadas ainda nesta segunda-feira.
“Encontrei o rei convencido de que este é o melhor momento para produzir com toda normalidade a mudança da chefia do Estado e a transmissão da coroa ao Príncipe das Astúrias”, disse Mariano Rajoy. “Renuncia ao trono uma figura histórica, tão extremamente vinculada à democracia espanhola”, completou.
Juan Carlos, de 76 anos, foi coroado em 1975 após a morte do generalíssimo Francisco Franco e teve importante papel na transição pós-ditadura no país europeu. Com problemas de saúde, o rei deixa o trono com a popularidade em baixa por causa dos escândalos financeiros e de corrupção envolvendo a família real.
O sucessor será Felipe de Bourbon, de 46 anos, Príncipe de Astúrias, que reinará com o nome de Felipe 4º. Ex-velejador olímpico, Felipe não foi alvejado pelos escândalos que chacoalharam a família real espanhola e estamparam as manchetes nos últimos meses. Sua irmã, Cristina de Bourbon, e o cunhado Iñaki Urdangarin envolveram-se em um rumoroso caso de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro através de uma ONG.
Um Conselho de Ministros extraordinário será convocado para cuidar das questões legais da transição, incluindo a aprovação de Lei Orgânica, atendendo ao que determina a Constituição espanhola. “Espero que, num prazo muito breve, as cortes espanholas possam proceder à nomeação como rei daquele que é hoje o Príncipe das Astúrias”, afirmou Mariano Rajoy durante entrevista coletiva.
Entrevero com o tiranete Chávez
Durante a Conferência Ibero-Americana de 2007, em Santiago (Chile), quando o finado Hugo Chávez criticou o ex-presidente do governo espanhol, José María Aznar, chamando-o de fascista.
Chávez interrompeu de forma seguida a fala do então chefe do governo da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, ocasião em que Juan Carlos questionou o bolivariano: “Por que não te calas?”.
O incidente transformou-se em fenômeno midiático global, sendo reproduzido pela imprensa de maneira intensa e durante vários dias.