Deputado da oposição quer investigar venda de terreno do BNDES ‘a preço de banana’

dinheiro_80Boi na linha – A venda de um terreno de 9 mil metros quadrados, pertencente ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), deve ser investigada pela Câmara dos Deputados a pedido do líder do Democratas, Mendonça Filho (PE). O parlamentar protocolou, na tarde desta segunda-feira (28), propostas de fiscalização e controle em duas comissões permanentes da Casa (Finanças e Tributação; Fiscalização Financeira e Controle) e um Requerimento de Informação dirigido ao ministro Mauro Borges (Desenvolvimento, Indústria e Comércio).

A operação feita pelo BNDES já é alvo de investigação do Tribunal de Contas da União e assusta pela diferença entre o preço avaliado pelo mercado imobiliário e o valor final da venda do espaço localizado na região central de Brasília. Em reportagem publicada pela revista Veja na edição de 19 de julho, especialistas calcularam valores acima de R$ 285 milhões para a área, enquanto o banco se desfez do terreno por meros R$ 51 milhões. O lote foi arrematado pela AJS Empreendimentos e Participações, empresa cujo proprietário é membro do Conselho de Administração da Brasil Pharma.

“É preciso esclarecer esse episódio que demonstra, no mínimo, um grave caso de incompetência gerencial por se desfazer de um bem por um valor que representa menos de 20% do valor de mercado. O BNDES constrói portos em Cuba a preço de ouro e vende seus terrenos no Brasil a preço de banana”, comparou Mendonça Filho.

Ligações estranhas

A negociação se torna ainda mais suspeita pelo fato de o engenheiro responsável pelo laudo que fundamentou a venda, Ricardo Caiuby Salles, ser irmão de uma das diretoras da Brasil Pharma. Entre os questionamentos que serão enviados ao ministério, Mendonça quer que a pasta informe a justificativa técnica que baseou tal escolha e por qual razão não ficou evidenciado o claro conflito de interesses entre as partes.

Outro grave detalhe evidenciado nas investigações do TCU refere-se à manobra elaborada para derrubar o preço inicial do edital. Embora o laudo tenha apontado um valor de mercado de R$ 107 milhões para a área, o mesmo apontou que, caso houvesse necessidade de vender o terreno às pressas, o valor inicial a ser pedido seria de R$ 45 milhões.

“O BNDES, que demandou tanta injeção do Tesouro Nacional, agora usa de artifícios para justificar uma subvalorização no valor do terreno. Quem precisa se desfazer de seu patrimônio às pressas não deveria gastar seu dinheiro financiando ditaduras bolivarianas”, acusou o democrata.

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