Delação premiada de Paulo Roberto Costa pode prejudicar investigações da Operação Lava-Jato

pauloroberto_costa_03Muito cuidado – O acordo de delação premiada proposto ao Ministério Público Federal (MPF) por Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato, tem todos os ingredientes para ser rejeitado. Isso porque Costa quer contar o que sabe mediante a garantia de que suas duas filhas e respectivos genros não sejam investigados no curso do processo que trata do escândalo de corrupção que tinha como âncora o doleiro Alberto Youssef, também preso.

A proposta de Paulo Roberto Costa é conceitualmente inaceitável porque defende a não investigação de outros crimes cometidos pela quadrilha que, com a ajuda do doleiro, pode ter movimentado muito mais do que os R$ 10 bilhões inicialmente informados pela Justiça Federal e pelo MPF.

O instrumento da delação premiada perdeu força com o próprio Alberto Youssef, que nas reticências escândalo do Banestado prometeu aos procuradores da República e à Justiça que não mais voltaria a operar no mercado paralelo de câmbio. A promessa tinha prazo de validade extremamente curto e Youssef retomou sua canhestra parceria com o finado José Janene, seu compadre, que à época usou o esquema do doleiro para lavar dinheiro do Mensalão do PT e de outras operações criminosas na esfera do governo federal, criadas para substituir o esquema de compra de parlamentares por meio de mesadas.

Recentemente, Paulo Roberto Costa disse que se abrisse a boca para contar tudo o que sabe o Brasil não teria eleições neste ano. Isso foi suficiente para tirar o sono dos integrantes do governo do PT, cada vez mais atolados nas denúncias de corrupção envolvendo a pirâmide criminosa de Youssef e a Petrobras.

Por enquanto, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal ainda não chegaram a algumas pessoas que integravam o esquema, cujos nomes estão sendo poupados por alguns delatores como forma de preservar verdadeiras fortunas que estão depositadas em contas bancárias abertas em paraísos fiscais.

Outro detalhe desse caso que continua desafiando o bom senso é o fato de Meire Bonfim da Silva Poza, contadora de Alberto Youssef, ainda não está presa. Meire Poza contar parte do que sabe, mas não se tem notícia de quem tenha feito um acordo de delação premiada. A contadora afirmou recentemente, durante depoimento no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que emprestou uma de suas contas bancárias para que Youssef pudesse movimentar vultosas quantias em dinheiro. Só isso é motivo suficiente para Meire Poza estar atrás das grades.

Muito estranhamente, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) não emitiu qualquer sinal de alerta para os seguidos e altos saques em dinheiro feitos na conta bancária que Meire cedeu a Youssef. Se o COAF emitiu o alerta e ninguém cumpriu com o dever de exigir explicações acerca movimentação financeira, por certo alguém errou ou se submeteu a ordens criminosas. Qualquer cidadão que ousar sacar acima de R$ 10 mil de sua conta bancária é obrigado a dar explicações à instituição financeira, regra estabelecida pelo COAF.

Outro ponto que continua obscuro é o fato de integrantes da cúpula do Partido Progressista ainda não terem sido incomodados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. Nove entre dez caciques do PP costumavam frequentar o bunker financeiro de Alberto Youssef em São Paulo. Da central do doleiro saíram muitos pagamentos a integrantes da legenda, alguns dos quais realizados em escritórios localizados em ruas próximas e que integravam o guarda-chuva criminoso de Youssef.

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