Pegando carona – De olho nos votos do PT no segundo turno, o senador Roberto Requião, que disputa o governo do Paraná pelo PMDB, adotou estratégia ousada. Anuncia abertamente seu apoio à candidatura de Dilma Rousseff (PT), ataca de forma incisiva Marina Silva (PSB) e acusa a candidata do PT, Gleisi Hoffmann, de ter abandonado a presidente da República. Em seu Twitter, o senador ironiza: “Vi cartaz lindo de Gleisi, jaqueta estilosa e bolsa Louis Vuitton. Só faltava qualquer coisa da Dilma.”
A maledicência de Requião mira a propaganda de Gleisi, que não menciona o PT, aboliu a cor vermelha e registra o nome de Dilma em letras minúsculas. A propaganda da petista no horário de televisão também se afasta cada vez mais da imagem tradicional do PT. A candidata lembra muito mais uma ‘socialite’, usa roupas de grife, produções caprichadas que contrastam com a imagem tradicional e despojada que se associa aos militantes petistas. Gleisi não menciona Dilma na propaganda da televisão, não defende o governo do qual fez parte durante três anos como chefe da Casa Civil e chegou a cancelar um passeio com Dilma pelo centro de Curitiba.
Requião acredita que pode se apropriar de Dilma (e dos votos dos petistas do Paraná) sem adicionar à sua candidatura a grande rejeição à presidente que fez Gleisi se descolar e esconder a chefe do Executivo federal. Contra Marina, que Gleisi não ousa criticar, o senador peemedebista usa argumentos pesados. Diz que a candidata do PSB pretende entregar o País ao comando do Banco Itaú (uma das coordenadoras de campanha do PSB é Neca Setúbal, filha e herdeira de Olavo Setúbal, falecido acionista do conglomeradofinanceiro). O senador diz que uma prova dessa rendição de Marina aos banqueiros é o anúncio de independência do Banco Central.
Já Gleisi, que ocupa um distante terceiro lugar nas pesquisas (14%, segundo o Ibope, e 11% pelo Datafolha), tenta fugir do naufrágio petista e de suas próprias ligações perigosas com “companheiros”, como o pedófilo Eduardo Gaievski (ex-prefeito petista que foi guindado à Casa Civil) e o então coordenador de sua campanha, André Vargas (ex-PT), que na segunda-feira (1) deu mais um passo rumo à cassação do mandato, por conta da sua ligação com o doleiro Alberto Youssef, preso em Curitiba.
Para tentar dar o troco em Requião, os petistas jogam nas redes sociais um depoimento em que o senador rasga os maiores elogios a André Vargas e outros que debocham da propaganda do peemedebista, como a peça “Requião cara de pau”.