Sumiço geral – Senador pelo PSDB de Goiás, Cyro Miranda responsabilizou a base governista por não comparecer à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO) para analisar projetos de lei como os que abrem créditos adicionais para órgãos do Executivo e do Judiciário, medidas provisórias e requerimentos.
Na opinião de Cyro, o governo não quer votar o Orçamento “ou quer nos encurralar para o final do ano para depois votar da maneira que quiser. Não houve empenho em conseguir quórum, houve má vontade. Estão levando com muita displicência um assunto que é muito sério. Vamos terminar votando o Orçamento no ano que vem, de afogadilho”.
O presidente da CMO, deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), cancelou as reuniões agendadas para esta semana. Homem de confiança do ex-presidente Lula, o lobista, Devanir declarou que os trabalhos só devem ser retomados após as eleições de outubro. “Agora a perspectiva é só após as eleições, não tem outra opção. As duas Casas não têm perspectiva de fazer nenhum esforço concentrado, então vai ser só a partir de 5 de outubro, após o primeiro turno, para votarmos a LDO”, declarou
O tucano Cyro Miranda ressaltou que independentemente de quem ganhe as eleições, os parlamentares têm a obrigação de votar os projetos. “Não temos que esperar nada. Temos que cumprir nossa missão. Não podemos favorecer nenhum partido. Quem pensa assim, está no lugar errado.”
Os parlamentares membros da CMO ainda devem votar o relatório final ao projeto de lei do Congresso Nacional (PLN) 3/2014, que apresenta as diretrizes para a elaboração e execução da Lei Orçamentária Anual de 2015 (LOA).
O principal item da pauta da comissão é o relatório preliminar ao projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2015, mas também aguardam votações vários projetos de lei que abrem créditos adicionais para órgãos do Executivo e do Judiciário, medidas provisórias e requerimentos. Entre esses projetos está o PLN 4/2014, que abre crédito especial de R$ 50,9 milhões em favor da Justiça Eleitoral e dos Ministérios de Minas e Energia e dos Transportes.
A bizarrice da falta de quorum fica por conta do fato de que as reuniões canceladas estavam agendadas para o período que os parlamentares, de forma galhofeira, chamam de “esforço concentrado”. Isso porque os doutos representantes do povo precisam fazer campanha, enquanto recebem os gordos salários financiados pelo suado dinheiro do contribuinte.
Trata-se de mais uma bofetada na face do brasileiro que continua acreditando que o Congresso é o endereço certo para solucionar todos os problemas de um país que há décadas é considerado como do futuro. O parlamento, não é de hoje, transformou-se em um exclusivo clube de negócios, porque não dizer negociatas, onde o balcão de escambos torna-se cada vez mais imundo e covarde.
A questão é muito simples: um candidato à Câmara dos Deputados, por exemplo, gasta R$ 10 milhões em três meses de campanha para, se eleito, receber R$ 1,4 milhão em salários ao longo de quatro anos de mandato. É fato que ainda deve existir no Brasil algum patriota inveterado, mas a lógica da aritmética degola qualquer diletante barato.