Junto e misturado – Em referendo histórico, os escoceses optaram por permanecer como parte integrante do Reino Unido. Após a contagem dos votos de 31 dos 32 círculos eleitorais, o “não” já não podia mais ser derrotado pelo “sim” nas primeiras horas desta sexta-feira (19), estando à frente por uma margem de cerca de 10 pontos percentuais.
Com a apuração dos votos quase concluída, os resultados mostraram que cerca de 55% dos eleitores votaram pelo “não” à independência, contra cerca de 45% que votaram pelo sim. As últimas pesquisas de opinião já haviam colocado o “não” à frente, porém, com uma margem menor de vantagem.
Logo após a constatação da vitória do “não”, Alex Salmond – primeiro-ministro do país e presidente do Partido Nacional Escocês (SNP) – reconheceu a derrota da campanha nacionalista. “Em nome do governo escocês, aceito o resultado e comprometo-me a trabalhar construtivamente.”
Salmond classificou o referendo – no qual cerca de 85% dos eleitores compareceram às urnas – como “um triunfo para o processo democrático e para a participação política”, insistindo que os políticos de Londres agora cumpram suas promessas e concedam mais poderes à Escócia.
Em Edimburgo, capital do país, o “não” venceu por 61% a 38%. Na cidade natal de Salmond, Aberdeen, o “sim” também foi derrotado, por 59% a 41%. Já em Glasgow, a maior cidade da Escócia, 53,5% votaram pela independência, mas isso não foi suficiente para alterar o resultado geral.
Ainda antes da vitória decisiva do “não”, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, parabenizou Alistair Darling, que encabeçou a campanha contra a independência escocesa. “Falei com Alistair Darling para parabenizá-lo por uma campanha bem disputada.” Em Glasgow, Darling festejou a vitória: “Hoje é um dia memorável para a Escócia e para o Reino Unido”.
Ao discursar pouco depois da vitória do “não” vir à tona, Cameron voltou a prometer que vai conceder novos poderes para todas as partes do Reino Unido, assegurando que os compromissos serão honrados. “Assim como a população da Escócia terá mais poder sobre seus assuntos, as populações da Inglaterra, do País de Gales e da Irlanda do Norte também precisam ter mais poder sobre os assuntos delas.”
O premiê também falou a favor da unidade, dizendo que, com o referendo, a questão da dependência foi resolvida “por uma geração”. “Agora é a hora do Reino Unido se unir. […] Teria partido meu coração ver nosso Reino Unido chegar ao fim.”
A rejeição à independência impediu a ruptura de uma união de 307 anos. Também significa que o Reino Unido não perderá uma parte substancial de seu território e de suas reservas de petróleo e não terá que buscar uma nova base para seu arsenal nuclear, alojado na Escócia.
Com a independência escocesa, o Reino Unido também poderia perder influência em instituições internacionais, incluindo a União Europeia e a ONU. A decisão também significa que o Reino Unido evitará um período prolongado de insegurança financeira, previsto por muitos no caso de uma separação da Escócia. (Com agências internacionais)