Turma do barulho – Como noticiou o ucho.info antes do primeiro turno da eleição presidencial, Aécio Neves era o único adversário que a petista Dilma Rousseff não gostaria de enfrentar em nova rodada da disputa pelo Palácio do Planalto. Isso porque a presidente-candidata sempre soube, assim como seu partido, que é muito grande a capacidade do tucanato de assimilar golpes sujos e rasteiros, como é praxe entre os petistas. Marina Silva, então presidenciável do PSB, não soube se esquivar da enxurrada de mentiras e acabou atropelada pela “ex-companheira” Dilma.
Para reforçar seu time no segundo turno, Dilma Rousseff convocou um punhado de políticos, alguns deles protagonistas de rumorosos escândalos. No palanque da petista subirão Luiz Inácio da Silva, Michel Temer (candidato a vice), Fernando Pimentel, Aloizio Mercadante, Gilberto Carvalho, Renan Calheiros, Jader Barbalho e Marcelo Miranda, entre tantos enrolados que ainda devem explicações ao povo brasileiro.
Agora atuando como lobista de empreiteira, Lula passou para a história como responsável pelo período mais corrupto do Brasil, desde a sua descoberta em 1500. Não bastassem os muitos escândalos de corrupção que acobertou ao longo de oito anos, Lula foi o maior beneficiário do malfadado Mensalão do PT, sem contar a ordem que deu à “companheira” Dilma Rousseff para blindar Rosemary Noronha, sua amante, flagrada na Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, em um esquema criminoso de venda de pareceres em órgãos federais. Desde a eclosão do caso, no final de 2012, Lula tem evitado contatos mais próximos com a imprensa, o que permitiu que Rose, a Marquesa de Garanhuns, submergisse no oceano da bandalheira petista.
Presidente nacional do PMDB, o eterno partido proxeneta, e candidato a vice na chapa de Dilma, o longevo Michel Temer é dono de currículo que dispensa maiores apresentações. Nos momentos de grave crise institucional, em que o Brasil balançou por causa da corrupção desenfreada, Temer comandou as negociações espúrias que garantiram ao Palácio do Planalto o apoio do PMDB. Para que não passasse impune, Michel Temer foi investigado pela Polícia Federal na esteira da Operação Castelo de Areia. O nome do chefão do PMDB foi identificado em uma planilha de pagamentos feitos pela empreiteira Camargo Corrêa. A Operação Castelo de Areia foi suspensa por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), mais precisamente do então ministro Cesar Asfor Rocha.
As estripulias de Pimentel
Companheiro de armas de Dilma e ex-ministro do Desenvolvimento, o governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel, responde a processo na Justiça mineira por fraude em licitação e desvio de R$ 5 milhões da prefeitura de Belo Horizonte. Em outro processo, Pimentel é investigado por superfaturamento na construção de 1,5 mil casas populares. O ex-prefeito de BH é acusado de ter feito uma parceria sem licitação com uma ONG, a antiga Ação Social Arquidiocesana (ASA), para a construção dos conjuntos residenciais, envolvendo as construtoras HAP Engenharia e Andrade Gutierrez. Laudos em poder da Justiça apontam superfaturamento de R$ 9,1 milhões.
Entre 2009 e 2010, período em que deixou a prefeitura de Belo Horizonte e aterrissou na lamacenta máquina petista em Brasília, Fernando Pimentel (PT) faturou pelo menos R$ 2 milhões com sua empresa de consultoria, a P-21 Consultoria e Projetos Ltda. Os dois principais clientes da P-21 fora a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e o grupo da construtora mineira Convap. A FIEMG pagou R$ 1 milhão por nove meses de consultoria de Pimentel, em 2009, e a construtora, outros R$ 514 mil, no ano seguinte.
A consultoria prestada por Pimentel à FIEMG foi contratada quando o presidente da entidade era Robson Andrade, atualmente à frente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e investigado pela polícia em um escândalo de desvio de dinheiro público. O objeto do contrato, de acordo com a entidade, era “consultoria econômica e em sustentabilidade”. Contudo, dirigentes da própria FIEMG alegaram desconhecer qualquer trabalho realizado pelo ministro.
O serviço prestado à Convap aconteceu entre fevereiro e agosto de 2010, período em que Fernando Pimentel era um dos coordenadores da campanha de Dilma e viajava o Brasil com a candidata. Após a consultoria, a Convap assinou com a prefeitura de Belo Horizonte, comandada por Márcio Lacerda (PSB), parceiro de Pimentel, dois contratos que no valor total de R$ 95,3 milhões.
O ministro que “revogou o irrevogável”
Pior senador da história do estado de São Paulo, o petista Aloizio Mercadante só conseguiu estar ministro após o fim da era Lula. Nesse período, enquanto cumpria mandato de senador, Mercadante enfrentou algumas situações de constrangimento, verdadeiras “saias justas”. Na CPMI dos Correios, durante depoimento de Duda Mendonça, o então senador petista foi questionado pelo marqueteiro baiano sobre os gastos de sua campanha de 2002. Com as firmes declarações de Mendonça não restou a Mercadante outra saída que não admitir que errara na contabilidade enviada à Justiça Eleitoral.
Mais adiante, já na condição de líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante renunciou ao cargo em caráter irrevogável. Sua decisão teve como base a proteção dada pelo governo Lula a senadores acusados de envolvimento em casos de corrupção e transgressões variadas. Mercadante foi chamado ao Palácio da Alvorada, onde enfrentou uma dura carraspana de Lula. Dias depois, o petista voltou à tribuna do Senado e anunciou que estava “revogando o irrevogável”. Desde então, Mercadante caiu no ostracismo.
Contudo, o maior escândalo envolvendo Aloizio Mercadante continua sem solução. Trata-se do Dossiê dos Aloprados, conjunto de documentos apócrifos para prejudicar os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin, em 2006, então candidatos ao governo de São Paulo e à Presidência da República, respectivamente. Na ocasião, o beneficiário maior do Dossiê dos Aloprados era Mercadante, que naquele ano concorria ao governo paulista.
Naquele ano, a Polícia Federal monitorava os envolvidos no escândalo quando o “aloprado” Hamilton Broglia Feitosa Lacerda foi filmado pelo circuito interno de câmeras do hotel Íbis, em São Paulo, entregando dinheiro a Gedimar Passos, o policial federal que acabou preso em flagrante. Hamilton Lacerda era, à época, coordenador da campanha de Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo. De acordo com a PF, o dinheiro (R$ 1,7 milhão) que seria utilizado para o pagamento do tal dossiê saiu do caixa 2 da campanha de Mercadante. Por conta do foro privilegiado, o caso de Aloizio Mercadante acabou no Supremo Tribunal Federal (STF), que descartou o indiciamento do petista sob a alegação de falta de provas.
Silêncio obsequioso de Carvalho
Secretário-geral da Presidência da República e braço avançado de Lula no Palácio do Planalto, Gilberto Carvalho, o “coroinha palaciano”, atua como elo entre o governo petista e os movimentos sociais, sempre acionados para manifestações e “quebra-quebras” quando a administração petista encontra-se em dificuldade.
Um dos próceres da cúpula do Partido dos Trabalhadores, Gilberto Carvalho continua devendo ao povo brasileiro explicações sobre algumas declarações sobre a morte de Celso Daniel, então prefeito de Santo André. Antes do bárbaro crime, Carvalho era um dos secretários de Celso Daniel, que acabou morto de forma covarde e brutal por ter discordado da destinação dada ao dinheiro da propina recolhida junto a empresários de ônibus de Santo André.
Após o crime, em um dos telefonemas interceptados pela polícia, Gilberto Carvalho elogia, em tom irônico, o papel de viúva desempenhado por Ivone de Santana, então namorada de Celso Daniel.
Em recente depoimento, em abril deste ano, a deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP), agora reeleita, disse que Gilberto Carvalho era conhecido pelos empresários de ônibus de Santo André como “o homem do carro preto”. De acordo com Gabrilli, seu pai, então empresário do setor de transportes, foi vítima das extorsões de Gilberto Carvalho, que, segundo a deputada tucana, ia às empresas para arrecadar dinheiro e colocava sobre a mesa uma arma enquanto conferia o valor da propina.
Ao final da matéria constam os links dos principais trechos das gravações dos telefonemas interceptados pela polícia, nos quais Gilberto Carvalho trata a morte de Celso Daniel com excesso de frieza.
Dupla do barulho
Renan Calheiros e Jader Barbalho estarão presentes duplamente no palanque de Dilma Rousseff. Isso porque o filho de Renan, que venceu a disputa pelo governo de Alagoas, engrossará a claque da petista, que também contará com o apoio do bisonho Fernando Collor de Mello. Renan, o pai, está entre os acusados na Operação Lava-Jato. O senador alagoano mantinha estreitas relações com Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, a quem passou a apadrinhar depois da morte de José Janene (já falecido), então sócio do doleiro Alberto Youssef.
Fora isso, Renan Calheiros responde a processo no STF pelos crimes de peculato (quando servidor utiliza o cargo para desviar dinheiro público), falsidade ideológica e uso de documento falso. O caso refere-se ao uso de notas frias para comprovar o uso da verba de representação do gabinete. O uso de recursos desse benefício que contempla deputados e senadores exige a apresentação de comprovantes dos gastos.
Não obstante, há o escândalo das “vacas sagradas”, que Renan Calheiros alegou ter vendido para pagar as despesas de sua amante, a jornalista Mônica Veloso. Na verdade, as despesas da jornalista foram pagas por uma empreiteira. O escândalo obrigou Renan a renunciar à presidência, em 2007, como forma de evitar a perda do mandato parlamentar. Acordo costurado nos subterrâneos do Senado e que contou com o apoio do governo federal.
Jader Fontenelle Barbalho é outro político que dispensa maiores apresentações. Barbalho era governador do Pará quando ocorreram desvios milionários no banco estadual (Banpará) e foi quem mais se beneficiou do esquema criminoso. Além dos R$ 2,5 milhões do Banpará, Jader recebeu mais de R$ 8 milhões de outras fontes, além doas polpudos lucros obtidos com aplicações financeiras (cerca de R$ 10,3 milhões). Ao todo foram 51 depósitos em sua conta bancária, entre novembro de 1984 e setembro de 1988. No maior saque, ocorrido em junho de 1987, barbalho pegou, em dinheiro vivo, o equivalente a R$ 9,9 milhões.
Jader também foi acusado de participação em fraudes na extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), que foi alvo de um golpe de aproximadamente R$ 1,2 bilhão. Então presidente do Senado Federal, o peemedebista viu-se obrigado a renunciar ao mandato em 2001. Voltou à cena política no ano seguinte como deputado federal, reelegendo-se em 2006. Renunciou ao cargo em 2010, faltando dois meses para o término do mandato, para concorrer mais uma vez ao Senado. Elegeu-se senador com aproximadamente 1,8 milhão de votos, mas não assumiu a cadeira na Câmara Alta devido à divergência no STF sobre a validade da Lei da Ficha Limpa.
Jader Barbalho tem muitas razões para subir no palanque de Dilma, mas a principal é a candidatura de seu filho, Helder Barbalho, que em segundo turno disputará o governo do Pará com o tucano Simão Jatene. No primeiro turno, Helder conseguiu 49,88% dos votos válidos, contra 48,48% de Jatene. O PT de Dilma e Lula integra a coligação que sustenta a candidatura de Helder Barbalho, o que desmonta o discurso palaciano de querer passar o Brasil a limpo.
Confusões no Centro-Oeste
Outro convidado trapalhão para o palanque de Dilma é o peemedebista Marcelo Miranda, governador eleito de Tocantins. Na eleição de 2006, Miranda foi acusado de abuso de poder econômico, o que transformou em alvo de processo judicial. Contudo, a maior pedra no caminho de Marcelo Miranda foi a secretária Ângela Costa Alves, que detalhou à Polícia Federal todos os trambiques que ajudou a fazer como principal assessora de Dulce Miranda, a mulher do então governador.
A ex-funcionária, que assessorou a ex-primeira-dama de 2003 a 2006, disse à PF que foi obrigada a abrir uma conta bancária para receber dinheiro desviado do governo do estado, recursos que custeavam muitas despesas pessoais, como, por exemplo, a compra de joias e roupas íntimas para Dulce. Ângela Alves também entregou à Polícia Federal algumas provas do que testemunhou. Entre os documentos constavam recibos do dinheiro vivo distribuído a eleitores, extratos da empresa que usou para lavar dinheiro do governo e até um vídeo com cenas de corrupção explícita.
Eleito senador em 2010, mas impedido de tomar posse por decisão judicial, Marcelo Miranda foi preparado para atuar no Senado como um braço da organização liderada por Carlinhos Cachoeira. Gravações da PF, feitas durante a Operação Monte Carlo, mostram que, ao lado de Demóstenes Torres, Miranda atuaria em favor do interesses do contraventor e da Delta Construção de propriedade do polêmico e inatingível Fernando Cavendish.
Registros de conversas telefônicas feitos no dia 4 de maio de 2011 mostram Miranda chamando Carlinhos Cachoeira de “chefe”. Na conversa, Miranda diz que o contraventor pode contar com ele e ainda informa: “Tô aí pra somar”. Outra conversa telefônica entre o contraventor e o então diretor da Delta Construções para o Centro-Oeste, Cláudio Abreu, revela a euforia da dupla diante da possibilidade de Marcelo Miranda tomar posse no Senado.
Confira abaixo os principais trechos das gravações telefônicas do caso Celso Daniel, divulgadas à época com exclusividade pelo ucho.info. Em uma delas, o atual ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e Ivone Santana tratam a morte de Celso Daniel com frieza.