Quase perfeita – O ano de 2006 caminhava para a sua segunda metade quando o besteirol oficial entrou em cena para interromper a sequência de sandices que paira em nossa querida Botocúndia. Então presidente da República e à época concorrendo à reeleição, Luiz Inácio da Silva, o malandro comunista, disse, sem pestanejar, que a saúde pública no Brasil estava a um passo da perfeição. Tão ousado quanto mentiroso, Lula não pensou duas vezes para, tempos depois, sugerir a Barack Obama que adotasse nos Estados Unidos o modelo do Sistema Único de Saúde.
Que Lula estava mentindo todos os brasileiros sabiam, mas farsa que emoldurava a declaração obrigou Lula, meses mais tarde, a admitir que tudo não passou de mais uma jogada mitômana para não perder a eleição para o tucano Geraldo Alckmin.
Sem investir na saúde os recursos previstos no orçamento, como passar dos anos os petistas começaram a creditar o fiasco do setor na contabilidade da oposição. Isso porque os oposicionistas derrubaram, no Congresso Nacional, a continuidade da cobrança da CPMF, o malfadado “imposto do cheque”. Fato é que o PT sempre defendeu maiores investimentos na saúde pública enquanto estava na oposição, quando era pedra. No momento em que assumiu a porção vidraça, mudou o discurso. Sempre encontrando um adversário, “representante das elites”, para assumir a culpa.
A era petista foi marcada por incompetência e corrupção, o que faz com que a última década seja um dos piores trechos da história brasileira. Ciente de que a saúde pública cambaleava cada vez mais, mesmo com a migração de milhões de cidadãos para planos privados de assistência médica, o Palácio do Planalto resolveu criar um novo factoide, sempre com o viés populista que emoldura os regimes totalitaristas de esquerda.
Foi então que a presidente-candidata Dilma Rousseff surgiu com a invencionice batizada de “Mais Médicos”, programa que permitiu a importação de médicos, que por uma manobra do governo escaparam da obrigatória revalidação do diploma em território nacional. Dilma jacta-se de ser a criadora do “Mais Médicos”, mas de nada adianta disponibilizar atendimento médico aos cidadãos se o tratamento não tem sequência por falta de infraestrutura hospitalar.
Nos recentes debates eleitorais com o tucano Aécio neves, Dilma tem dado destaque à criação do SAMU, mas esquece que também não resolve ter como levar um paciente sem que haja hospital para atendê-lo adequadamente.
Como se sabe, há muito não se tem notícia de operadores de milagres, apesar de Lula e mais uma centena de “companheiros” acreditarem que são milagreiros. Enquanto Dilma enche o peito para falar do programa “Mais Médicos”, o que é prova inconteste da falência do sistema público de saúde na era Lula, uma tia do ex-presidente, Corina Guilhermina da Silva, teve uma perna amputada porque foi obrigada a percorrer hospitais de Pernambuco até conseguir atendimento. Acontece que quando a tia do lobista foi atendida já era tarde demais. E ficou sem uma das pernas, apenas porque a saúde pública no Brasil está a um passo da perfeição e é de fazer inveja aos habitantes da terra do Tio Sam.
À saúde pública brasileira falta infraestrutura hospitalar, sem a qual o programa “Mais Médicos” será inócuo, pois não sairá do atendimento clínico. Mesmo diante dessa caótica realidade, Dilma, que está certa que é a versão de saias de Aladim, o gênio da lâmpada maravilhosa, vem anunciando que, se eleita, criará o programa “Mais Especialidades”. Tomara que entre essas especialidades não esteja a amputação de perna por falta de investimentos na saúde. Enfim, como disse certa vez um conhecido e fanfarrão comunista de boteco, “nunca antes na história deste país”.