Soltando o verbo – Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR) protocolou nesta terça-feira (28) requerimento para ouvir na CPI Mista da Petrobras os empresários Ricardo Marcelo Vilani e Luciana Mantelmacher, sócios da agência de publicidade Muranno Marketing/Brasil. A empresa, segundo depoimento do doleiro Alberto Youssef, teria recebido, a mando do então presidente Luiz Inácio da Silva, R$ 1 milhão para não revelar o esquema do de corrupção conhecido como “Petrolão”. Além da convocação, o documento pede também a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da empresa.
O caso foi revelado na última sexta-feira (24) pela revista “Veja” e esmiuçado com mais detalhes na edição de sábado (25) do jornal “O Estado de S. Paulo”. De acordo com a reportagem, a Polícia Federal identificou dois repasses, num total de R$ 1,7 milhão, à agência Muranno, através da MO Consultoria, empresa do doleiro de Youssef. “O repasse é datado de 22 de dezembro de 2010. Houve ainda outros três depósitos à agência, num total de R$ 509 mil, nos dias 12 e 13 de janeiro de 2011, feitos pela empresa Sanko Sider, também investigada pela (operação da Polícia Federal) Lava Jato”, relata o jornal.
Para o líder do PPS, as informações coincidem com os dados já colhidos pela CPMI da Petrobras. “Realmente existem repasses para a agência e conseguimos rastrear parte das informações que a Polícia Federal já tem em mãos. É necessária a imediata convocação dos donos dessa agência e a quebra de sigilos da empresa. E, numa segunda fase, teremos que ouvir o ex-presidente Lula, já que, segundo o doleiro Alberto Youssef, foi dele que partiu a ordem para o pagamento da propina”, afirmou Rubens Bueno.
No depoimento que prestou à Justiça, o operador do esquema revelou:
“O Lula ligou para o Gabrielli e falou que tinha que resolver essa merda”.
Além de Lula, outro personagem do esquema que precisa se explicar, segundo o deputado, é o ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli. Atualmente integrando o governo do petista Jaques Wagner, da Bahia, Gabrielli é alvo fácil para desatar o nó que o Palácio do Planalto insiste em manter como forma de impedir que a verdade seja descoberta.
“Ele precisa explicar se orquestrou mesmo o pagamento do ‘cala boca’. Assim como no Mensalão, quando o publicitário Marcos Valério era o elo para o pagamento de propinas para partidos e políticos, a operação Lava-Jato está apontando que outra agência era usada para pagar as mesadas do Petrolão. Precisamos aprofundar a investigação e identificar toda essa teia criminosa”, defendeu Rubens Bueno, lembrando que a presidente Dilma Rousseff e o PT também têm responsabilidade por todo esse esquema já que, segundo o doleiro Youssef, tinham conhecimento de tudo.
Quem conhece sabe
Enquanto Dilma, antes do segundo turno da eleição presidencial, rechaçou a acusação feita por Youssef e prometeu processar o doleiro e todos os veículos de comunicação que abriram espaço para o novo capítulo do escândalo, começando pela revista Veja, Lula disse que está com a consciência tranquila.
Contudo, quem conheceu os bastidores do esquema de corrupção esculpido pelo então deputado federal José Janene (PP-PR), já falecido, sabe que o doleiro falou a verdade. Janene não escondia de ninguém o transito que tinha no Palácio do Planalto, assim como fazia questão usar palavras de baixo calão para referir-se a Lula e cobrar o que lhe fora prometido.
Certa feita, na Câmara dos Deputados, durante discussão acerca do esquema de corrupção que garantia ao governo do PT maioria folgada no Congresso Nacional, José Janene usou o termo “filho da puta” para referir-se a Lula. Sem qualquer constrangimento, com dedo em riste e diante de parlamentares, disse Janene: “Avisa para aquele filho da puta”… O ucho.info não está a questionar a idoneidade da mãe do ex-presidente, Dona Lindu, mas o editor do site presenciou o momento de ira de José Janene, o “Xeique do Mensalão”.