Bola na trave – No momento em que tenta retomar a carreira na segunda divisão do futebol francês, o atacante Adriano recebe um “cartão vermelho”. O jogador, que já teve o equivocado título de “Imperador”, mas pode acabar reinando na penitenciária, foi denunciado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (4), por tráfico de drogas e associação ao tráfico de drogas. Se comprovada sua culpa, Adriano poderá ser condenado a até 25 anos de prisão – quinze anos por tráfico de drogas e dez por associação ao tráfico. O jogador poderá responder pelo crime de falsificação de documento.
Emoldurado por acusações graves, o caso será analisado pelo juiz da 29ª Vara Criminal do Rio, que decidirá se acata ou não a denúncia oferecida pelos promotores da 1ª Central de Inquéritos do Ministério Público do Rio de Janeiro.
Na denúncia enviada à Justiça, o Ministério Público descarta, por enquanto, a necessidade de prisão de Adriano, mas requer a apreensão do seu passaporte diante da “possibilidade de fuga do jogador, por ser pessoa com elevados recursos financeiros”.
Ao fazer a denúncia, o MP tomou como base investigação policial que identificou Adriano como comprador de uma motocicleta cara e possante, que acabou sendo entregue a um traficante da favela Vila Cruzeiro, na Vila da Penha, comunidade onde o jogador nasceu, cresceu e continuou frequentando mesmo depois de conquistar fama e dinheiro. Muitas foram as vezes em que a Vila Cruzeiro funcionou como refúgio de Adriano nos períodos em que o atleta decidia ficar longe dos gamados e não cumprir seus compromissos profissionais com os clubes que defendeu.
De acordo com a denúncia dos promotores, Adriano, juntamente com Marcos José de Oliveira, “consentiu que outrem utilizasse de bem de que tinham propriedade e posse, para o tráfico ilícito de drogas”.
A motocicleta comprada por Adriano, em 2007, foi registrada no nome da mãe do traficante Paulo Rogério de Souza Paz, o “Mica”, amigo do jogador. De acordo com o promotor, por ocasião da compra da moto a comunidade da Vila Cruzeiro era dominada pela facção criminosa Comando Vermelho, da qual Mica fazia parte. E era ele a “pessoa que autorizava ou não a entrada e saída de pessoas e a realização de eventos na região”.
Por conta disso, “os traficantes necessitavam de veículos velozes, em especial motocicletas, pela agilidade no tráfego, que fossem legalizados e não levantassem suspeitas quando transitassem fora das comunidades dominadas pela organização criminosa.” Outra motocicleta, do mesmo modelo e registrada no nome de Adriano, também teria sido utilizada pelos traficantes da Vila Cruzeiro.
No entendimento do MP, o ex-atacante e seu amigo “livre e conscientemente, ao colaborarem para a atividade do tráfico de entorpecentes, se associaram aos traficantes em atividade na Vila Cruzeiro, com a finalidade de facilitar o tráfico ilícito de drogas e as atividades afins”.
Vale destacar que em algumas ocasiões, em festas organizadas na Vila Cruzeiro, Adriano se deixou fotografar ao lado de traficantes, inclusive empunhando armas de grosso calibre a usando as mãos para fazer as iniciais CV, de Comando Vermelho. Essa denúncia pode atrapalhar os planos do jogador de retornar ao futebol.