Pano quente – Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR) lamentou, nesta quarta-feira (5), durante reunião de votações de requerimentos da CPMI da Petrobras, que a comissão tenha fugido da investigação de negócios escusos envolvendo as grandes empreiteiras do País. “Sem as convocações, as quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico das empreiteiras envolvidas no petrolão não chegaremos a lugar nenhum”, criticou.
O parlamentar ressaltou que a comissão só não terminou no dia de hoje graças a um acordo mínimo que permitiu a aprovação de novos depoimentos; pedidos de informação sobre transações financeiras entre empresas, Petrobras e firmas laranjas do doleiro Alberto Youssef; além de cópias de documentos e contratos.
De um total de 93 requerimentos aprovados, 37 são de autoria do líder do PPS. Entre eles está a convocação de Márcio Andrade Bonilho, sócio da empresa Sanko-Sider, que tinha negócios com a Petrobras e repassava dinheiro para o esquema do doleiro Alberto Youssef. Também foi aprovada a convocação de João Procópio Junqueira, funcionário das empresas de fachada do doleiro.
Ainda foram aprovados vários requerimentos de Rubens Bueno requisitando da Petrobras cópias de contratos da estatal com empreiteiras acusadas de superfaturar obras e desviar dinheiro para partidos, políticos e agentes públicos.
No terceiro bloco de requerimentos, o relator, deputado federal Marco Maia (PT), aproveitou a base dos requerimentos de Rubens Bueno para pedir informações a construtoras e fornecedoras da Petrobras sobre transações financeiras com empresas de Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Entre os alvos desses pedidos estão as empreiteiras Odebrecht, Mendes Júnior, Queiroz Galvão, OAS e UTC.
Rubens Bueno explicou que o ideal seria aprovar as quebras de sigilo dessas e de outras empresas, mas avaliou que o pedido de informações pode ajudar. “Pelo menos conseguimos um acordo, um compromisso de todos os membros da CPMI, de que se dentro de 10 dias as empresas não fornecerem informações ou mandarem dados satisfatórios, a comissão irá votar a quebra integral dos sigilos bancário, fiscal e telefônico”, explicou o parlamentar.
Alerta sobre empreiteiras
Rubens Bueno lembrou que vem cobrando apurações envolvendo as empreiteiras desde o início da CPMI, quando o envolvimento delas ficou patente. “Não vamos avançar no país no combate à corrupção se não investigarmos essas grandes empresas. E eu disse que a CPI não produziria resultados se não atacássemos esse alvo. Este é o dado principal”, salientou.
O líder observou que advertiu seus pares que a comissão iria chegar ao final de seu prazo sem apurar o essencial se não se dedicasse a analisar os dados das empreiteiras. “Agora nos dizem que não há mais tempo. Estamos conscientes disso, mas temos avisado desde o início que esse momento chegaria se não tomássemos providências”, lamentou.
“Nós denunciamos isso; estamos vendo o tempo passar sem as quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico, sem convocações envolvendo os responsáveis por grandes empreiteiras e agora, evidentemente, não há mais prazo”, reclamou o líder.
Na reunião do colegiado para a busca de um consenso que ajudasse a levar as investigações a algum lugar, Bueno apresentou 28 itens, sendo 25 deles envolvendo quebras de sigilo de empreiteiras. “Nenhum deles foi premiado”, protestou o líder do PPS.