Aécio faz discurso concorrido no Senado, mas o PSDB aceitou acordo espúrio na CPMI da Petrobras

aecio_neves_22Vergonha nacional – Nesta quarta-feira (5), no Senado Federal, Aécio Neves fez seu primeiro discurso depois do segundo turno da corrida presidencial. Senador pelo PSDB de Minas Gerais, Aécio defendeu, durante a campanha, uma devassa na Petrobras, onde funcionava uma ciranda de corrupção desmontada, em março passado, pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Em discurso de quase duas horas, que contou apartes de senadores de todos os partidos, Aécio condicionou o diálogo com o governo da reeleita Dilma Rousseff ao aprofundamento das investigações no escândalo que ficou conhecido como “Petrolão”.

“Qualquer diálogo tem que estar condicionado ao aprofundamento das investigações e exemplares punições daqueles que protagonizaram o maior escândalo de corrupção do País conhecido como ‘Petrolão’”, afirmou o tucano, imediatamente aplaudido em plenário.

De acordo com o senado mineiro, o esquema de corrupção que durante anos existiu na Petrobras só foi descoberto porque tornou-se impossível deter os operadores do esquema, que revelaram a verdade no rastro de acordo de delação premiada. Presidente nacional do PSDB e representando os anseios de 51 milhões de eleitores que lhe confiaram o voto, Aécio destacou que a tática do governo petista foi esconder a verdade, mas mesmo assim a corrupção acabou descoberta. O parlamentar lembrou que a corrupção no País chegou a níveis alarmantes.

Até aqui o discurso de Aécio Neves ressuscitou o ânimo dos que foram às urnas em busca de mudança, mas um detalhe pode colocar tudo a perder. Horas antes do longevo discurso do ex-presidenciável tucano, o PSDB e os partidos de oposição selaram um acordo com o PT e a base governista no âmbito da CPMI da Petrobras. Ao arrepio do desejo da sociedade, oposicionistas e governistas acertaram que a Comissão não convocará ou convidará para depor a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula, Gleisi Hoffmann, Antonio Palocci Filho e o próprio Aécio Neves, entre outros políticos.

Ao longo de reunião que durou noventa minutos, a portas fechadas, os integrantes da CPMI da Petrobras decidiram que em votação seriam colocados apenas os requerimentos que não correm o risco de enfrentar resistência por parte de qualquer legenda. Ou seja, a CPMI da Petrobras começou a preparar a massa da pizza, que como sempre será enorme, indigesta e mal cheirosa.

A sociedade cobra das autoridades um desfecho exemplar para o maior escândalo de corrupção da história nacional, mas interesses políticos e partidários impedem que isso ocorra. Em outras palavras, o Brasil não se livrará tão cedo do tumor que impede a nação de sonhar com um futuro minimamente digno: a corrupção.

Relator da CPMI, o deputado federal Marco Maia (PT-RS) disse que o acordo entre os líderes evitou a convocação de alguns políticos em virtude do prazo “exíguo” da Comissão. “Nós tivemos um acordo aceito por todos de que nós, em função do prazo exíguo, não trataríamos da convocação de ninguém da política, portanto se incluiu os tesoureiros dos partidos, os dirigentes partidários e os parlamentares”, afirmou Maia aos jornalistas.

Presidente nacional do PSDB, como já mencionado na matéria, Aécio neves tem o dever de não frustrar os 51 milhões de brasileiros que votaram pelo fim da corrupção e da bandalheira petista, determinando aos líderes do partido que desfaçam esse acordo espúrio e que atenta contra a democracia e a dignidade da população, cansada de financiar o banditismo político que toma conta do País.

Se o propósito de Aécio se confunde com os seus discursos de campanha, que desde já coloque-se à disposição da CPMI da Petrobras, exigindo na sequência que os integrantes da comissão aprovem a convocação de Lula, Dilma, Palocci e Gleisi, porque até o momento os delatores do esquema de corrupção não fizeram qualquer menção que comprovadamente prejudique membros da oposição. E se assim o tivessem feito, todos, sem exceção, independentemente de ideologias políticas, deveriam ser intimados para prestar os devidos esclarecimentos e, se culpados, responderem na Justiça por seus atos.

A decisão do PSDB de aceitar um acordo dessa natureza, que contrariou muitos integrantes da cúpula do partido, sepulta qualquer possibilidade de o Brasil sonhar com dias melhores e sem corrupção. Ao mesmo tempo, o equívoco do tucanato serve para reforçar a tese sempre defendida pelo ucho.info, que é preciso ser diuturnamente vigilante na seara política, onde faltam bem intencionados e sobram alarifes profissionais.

Há mais de trinta anos no jornalismo político, o editor do site conhece os meandros do poder e sabe como acontecem esses repentinos e bisonhos acordos. Os brasileiros não podem concordar com essa decisão, que merece o rótulo de crime de lesa pátria. Um partido político que defende o resgate do País e entra no jogo imundo e rasteiro dos petistas não merece a confiança dos cidadãos. Só falta a Justiça ordenar a prisão do empresário Hermes Magnus e do editor do ucho.info, jornalista Ucho Haddad, que em janeiro de 2009 inciaram as denúncias que desaguaram na Operação Lava-Jato.

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