Sinuca de bico – O deputado federal Onyx Lorenzoni (Democratas-RS) afirmou nesta quinta-feira (27) que o depoimento do sócio da Sanko-Sider, Márcio Andrade Bonilho, à CPMI da Petrobras confirma a conexão da empresa com o esquema de corrupção da estatal. À Comissão, Bonilho admitiu ter repassado R$ 38 milhões para o doleiro Alberto Youssef, a título de comissão pela intermediação de negócios com a Petrobras, principalmente, na obra da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.
“Ele veio aqui dizer que contratou Alberto Youssef sem saber quem ele era. Desde o episódio do Banestado todo mundo sabe quem é o Youssef. Ele nunca foi empresário. É um doleiro, bandido”, disse o parlamentar sobre o esquema de evasão de divisas envolvendo o banco e que foi desvendado em 2003.
Ao questionar Márcio Bonilho, o deputado gaúcho estimulou-o a fazer um acordo de leniência, já que documentos de posse da Polícia Federal e do Ministério Público comprovam a transferência de recursos do consórcio responsável pela obra da refinaria de Abreu e Lima para a Sanko-Sider e, na sequência, da Sanko para empresas de fachada de Alberto Youssef.
“Não há dúvida de que a empresa Sanko-Sider se transformou em um duto do esquema de corrupção da Petrobras. Márcio Bonilho dizia que os contratos de consultoria seriam da ordem de 3% a 5%, mas dos R$ 195 milhões que ele faturou nos últimos anos ele transferiu R$ 38 milhões para as empresas do Alberto Youssef”, destacou Lorenzoni sobre os percentuais de comissão pagos ao doleiro, conforme depoimento do sócio da Sanko-Sider. Em um primeiro momento, Márcio Bonilho confirmou ter pago R$ 33 milhões a Youssef. Depois, disse que valor seria de mais de R$ 37 milhões.
“Quem contrata uma pessoa já envolvida em atividades criminosas, um doleiro para ser vendedor evidente que sabia onde estava se metendo. Não tenho nenhuma dúvida de que o depoimento dele vai complicar sua vida porque ele caiu em contradição várias vezes e essa empresa Sanko-Sider faz parte do esquema que roubou a Petrobras”, avaliou o deputado.
Apesar de o executivo ter negado estar envolvido em atividades ilegais e emitir notas fiscais frias, o parlamentar refutou suas declarações. “As notas não são frias, são geladas. Por uma razão objetiva: as empresas produtoras dessas notas não existem, elas não têm sequer funcionários. Chega ao cúmulo de recursos na sua totalidade saírem do consórcio, passarem pela Sanko-Sider e serem imediatamente transferidos para as contas das empresas que estavam operando a lavagem de dinheiro de Alberto Youssef”, pontuou sobre a MO Consultoria, GDF Investimentos e outras apontadas pela Polícia Federal como empresas de fachada do doleiro.