Cortina de fumaça – Ao afirmar, durante discurso na cerimônia de posse, de que o novo governo trabalhará pela aprovação de um pacote anticorrupção, a presidente Dilma Rousseff exalou antagonismo, pois a formação da equipe ministerial é um claro sinal de que os desmandos continuarão no próximo quadriênio. Afinal, os partidos da base aliada não decidiram participar do desgoverno petista apenas por patriotismo ou diletantismo, mas pela possibilidade de fazerem negociatas e trapaças, eventualmente política. Como sempre afirma o UCHO.INFO, política é negócio dos grandes, algo que mais uma vez ficou provado no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história nacional.
Ciente de que a Operação Lava-Jato aproxima-se cada vez mais do Palácio do Planalto e que sua responsabilidade em relação ao imbróglio já aterrissou na seara do incontestável, Dilma optou por montar uma equipe ministerial com pessoas de sua confiança, que poderão proporcionar à presidente da República certa tranquilidade no Congresso Nacional. Isso porque a petista teme um eventual pedido de impeachment, algo que só avança com o aval dos congressistas.
Acontece que a equipe ministerial não agradou aos partidos à base governista, que no primeiro dia do ano já alinhavava uma eventual rebelião no Legislativo federal. Partidos como o PMDB e o próprio PT estão descontentes com a decisão da presidente de priorizar outras legendas, como PSD, PR e PP, que abocanharam três ministérios com orçamentos polpudos (Cidades, Transportes e Integração Nacional). Esses três partidos agregam, na Câmara dos Deputados, aproximadamente cem parlamentares, o que aparentemente dá à presidente certa tranquilidade na aprovação de matérias de interesse do governo.
Vale destacar que o favorito para assumir a presidência da Câmara, a partir de 1º de fevereiro, é o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), político profissional, exímio negociador e conhecido adversário do governo. Isso significa que a vida de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados não será tão fácil quanto anunciam os palacianos.
No Senado federal a situação do governo é ainda pior, uma vez que Dilma deslocou o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) para o Ministério de Minas e Energia. Até então líder do governo no Senado, Braga é conhecido por costurar acordos nos bastidores à base de escambos milionários. O PMDB, que está descontente com as escolhas de Dilma para a equipe ministerial, deve criar problemas para o governo no Senado, onde detém um quarto das cadeiras na Casa legislativa.
Voltando ao pacote anticorrupção, o anúncio vem é interpretado, por enquanto, como mais uma medida para causar impacto na sociedade, já que a presidente está encalacrada no escândalo de corrupção conhecido como Petrolão. No caso de a ideia prosperar, Dilma terá problemas mais adiante, até porque os indicados à Esplanada dos Ministérios estão de olho nos conchavos que normalmente acontecem nos subterrâneos do poder. Os novos ministros, salvo algumas raras exceções, podem até criticar a opinião do UCHO.INFO, mas basta conferir o número de escândalos e denúncias de corrupção do primeiro governo de Dilma Rousseff.