Alça de mira – Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR) criticou, nesta segunda-feira (19), a nota oficial da Petrobras, divulgada no final de semana, que responsabilizou “apenas” o ex-diretor de Abastecimento da empresa, Paulo Roberto Costa, pelo prejuízo bilionário provocado pela construção da Refinaria Abreu Lima. Costa é um dos principais delatores do esquema de corrupção e dos desvios de recursos na estatal, investigado pela Operação Lava Jato.
Para Bueno, o “mea culpa” público da Petrobras apontando o delator, que atualmente encontra-se em prisão domiciliar no Rio de Janeiro, não isenta a direção da empresa, os integrantes dos Conselhos Administrativo e Executivo, “que deram aval para que Paulo Roberto Costa colocasse em prática o plano de realizar uma série de aditivos que resultaram num superfaturamento dos contratos com as empreiteiras”.
Na edição de domingo (18), o jornal “Folha de S. Paulo” revelou que a auditoria interna apontou que já em 2012 a diretoria e o conselho administrativo da petroleira estimavam um prejuízo de US$ 3, 2 bilhões com a implantação da Abreu Lima. Mesmo assim, o conselho, de acordo com a reportagem, aprovou a continuidade das obras.
Segundo o jornal, as antecipações de compras e as mudanças no projeto da refinaria acarretaram uma elevação do orçamento de US$ 2,4 bilhões, em 2005, para estratosféricos US$ 18,8 bilhões atuais.
“A nota admite que os conselhos e a direção tiveram conhecimento dos aditivos que elevaram os preços dos contratos que resultariam no prejuízo colossal à empresa. Esse pessoal tem de ser responsabilizado. A começar por Graça Foster, que mentiu o tempo todo, inclusive em seu depoimento à CPMI do Petrolão”, criticou.
CPMI do Petrolão
Rubens Bueno defendeu ainda a instalação de uma nova comissão parlamentar mista de investigação para continuidade à apuração das denúncias de corrupção na Petrobras. “Além do trabalho da Justiça, esta Casa precisa dar continuidade aos trabalhos de investigação para que todos esses desvios sejam amplamente apurados. A população precisa saber dos desmandos dos governos do PT na principal estatal brasileira”, afirmou o parlamentar.
O estranho recuo de Chávez
Então presidente da Venezuela, o tiranete Hugo Chávez, já falecido, selara acordo com o colega brasileiro Luiz Inácio da Silva para erguer em parceria com o governo brasileiro a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Do lado venezuelano, a PDVSA seria responsável pelo aporte financeiro para iniciar as obras da superfaturada refinaria pernambucana. Como o dinheiro da PDVSA demorou a aparecer, a Petrobras e o governo petista do ex-metalúrgico Lula decidiram assumir a construção da refinaria, sem se preocupar com os prejuízos causados aos acionistas da empresa e aos cofres verde-louros.
Ao perceber que a obra de Abreu e Lima apresentava os primeiros sinais de superfaturamento, o malandro Chávez resolveu abandonar o negócio, sem que jamais sua decisão tenha sido anunciada oficialmente, inclusive pelo Palácio do Planalto. O assunto foi sumindo do noticiário e acabou no esquecimento, como sempre acontece com os escândalos que ocorrem nessa barafunda chamada Brasil.
Diante do recuo da Venezuela, o UCHO.INFO procurou executivos da PDVSA em busca de explicações. Um diretor da petroleira venezuelana, que trabalhava na refinaria de Isla, em Curaçao, disse ao editor do site, sob a condição de sigilo, que o governo venezuelano havia desistido da parceira em Abreu e Lima por causa dos evidentes sinais de corrupção e superfaturamento. Se um bandoleiro como Hugo Chávez desistiu do negócio com a Petrobras, por certo o esquema criminoso na petroleira nacional é muito maior do que imaginam as autoridades brasileiras. O UCHO.INFO fez diversos alertas sobre a desistência de Chávez, mas o assunto acabou passado despercebido.