Tiro no pé – Antes da corrida presidencial de 2014, durante evento público, a petista Dilma Rousseff disse que na hora da eleição ela e o partido fazem o diabo. Mas não é apenas durante o processo eleitoral que o PT e seus quejandos abusam do jogo sujo e rasteiro. Esse modus operandi criminoso domina o cenário o tempo todo, como se a prática fosse legal. Isso porque o PT, que já foi adequadamente classificado como organização criminosa, não quer deixar de mama nos úberes do Estado. Até porque, nada pode ser mais direitista e capitalista do que um representante da esquerda no poder.
Ciente da possibilidade cada vez maior de o peemedebista Eduardo Cunha (RJ) ser o próximo presidente da Câmara dos Deputados, o PT palaciano trabalha nos bastidores para emplacar um “companheiro” na primeira vice-presidência do Senado Federal, já que o comando da Casa, e também do Congresso Nacional, deve permanecer nas mãos do alagoano Renan Calheiros (PMDB).
Apesar de já considerar como certa a eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara, o governo petista de Dilma ainda dá as últimas cartadas na reta final do processo de escolhe do próximo comandante da Casa legislativa. Tanto é assim, que Cunha acusou o governo de ter ordenado à Polícia Federal a produção de um áudio que sugere um diálogo em que o deputado peemedebista é acusado de corrupção. A informação foi levada a Eduardo Cunha por um integrante da PF indignado com a fraude.
Não é primeira vez, nas últimas semanas, que Eduardo Cunha acusa o governo do PT de tentar implodir sua candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, o que significará uma avalanche de problemas para Dilma Rousseff, como aconteceu enquanto o parlamentar esteve na liderança do PMDB. A exemplo da acusação anterior, Cunha rotulou a manobra criminosa como “alopragem”, em clara referência ao escândalo dos “aloprados”, imbróglio que envolveu pessoas ligadas ao então presidente Lula e que produziram um dossiê apócrifo contra candidatos tucanos para beneficiar Alozio Mercadante, que em 2006 concorreu ao governo paulista.
A insistência de Eduardo Cunha usar o termo “alopragem” é um recado duro e com endereço certo: a Casa Civil da Presidência da República, atualmente sob o comando de Aloizio Mercadante, o irrevogável. Homem forte do governo Dilma e pessoa da confiança da presidente, Mercadante é o tipo de auxiliar obediente capaz de ancorar qualquer ação em prol dos interesses palacianos.
O jogo baixo adotado pelo Palácio do Planalto pode custar caro para Dilma Rousseff, não apenas na eleição do próximo presidente da Câmara, mas na votação de matérias de interesse do governo. Isso porque Eduardo Cunha, um político experiente e que conhece cada linha do regimento interno da Casa, conta com o apoio de parlamentares de todos os partidos e correntes. O que significa que a presidente da República poderá ter sérios problemas na Câmara ao longo dos próximos quatro anos.
Ter como aliado o presidente da Câmara é um detalhe importante para o desenrolar de qualquer governo, mas querer implodir a candidatura do favorito é no mínimo suicídio político. Dilma dá mostras evidentes de que no novo governo continua a prevalecer o seu velho temperamento: truculento e explosivo.