Perícia não encontra pólvora na mão de promotor argentino

(A. Pagni - AFP - Getty Images)
(A. Pagni – AFP – Getty Images)
Mistério portenho – Exames de perícia não revelaram a existência de pólvora nas mãos do promotor Alberto Nisman, confirmou nesta terça-feira (20) a promotora encarregada do caso, Viviana Fein, que, apesar disso, mantém o suicídio como hipótese principal.

“Quando recolheram as partículas de resíduos das mãos de Nisman, por ser tão ínfima e pequena a quantidade que se podia recuperar, não foi possível obter um resultado positivo. É um resultado esperado. Isso não descarta que Nisman tenha feito o disparo”, declarou Fein à Rádio Mitre, de Buenos Aires.

O corpo do promotor, encontrado sem vida na madrugada de segunda-feira (19), no banheiro do seu apartamento, apresentava um ferimento de bala na cabeça. Ao lado do cadáver foi encontrada uma pistola calibre 22 que, um dia antes e a pedido do próprio Nisman, lhe fora entregue por um funcionário da promotoria, segundo Fein.

Quem entregou a arma a Nisman trabalhava na promotoria desde 2007, no setor de informática, disse Fein. “Essa pessoa trabalhava tanto na unidade [de investigações] como na residência de Nisman. Era uma pessoa muito próxima.”

Segundo a promotora, a autópsia determinou “de maneira categórica” que Nisman disparou a arma encontrada ao lado de seu corpo. Ela disse investigar se o promotor foi instigado a se suicidar ou se estava “sob pressão psicológica”. Para isso, tenta descobrir se ele se encontrava em algum tratamento médico.

“Não descarto a indução ou instigação [ao suicídio]. Minha função é continuar investigando e, dentro do possível, descobrir a verdade”, afirmou.

Após oito anos de investigações, Nisman denunciou a presidente Cristina Fernández de Kirchner na última quarta-feira (14). Ele considerou que um acordo firmado entre a Argentina e o Irã, em janeiro de 2013, incluía o acobertamento dos suspeitos dos atentados a um centro judaico em 1994, em troca de relações comerciais e fornecimento de petróleo, num momento em que a Argentina atravessa uma crise energética.

Nesta segunda-feira, Nisman deveria apresentar provas do envolvimento da presidente a deputados, em um depoimento a uma comissão do Congresso argentino. Além de Kirchner, ele também denunciara o ministro do Exterior, Héctor Timerman, o deputado situacionista Andrés Larroque e dois dirigentes políticos.

A se confirmar a tese defendida pela promotora Viviana Fein, pela primeira vez o planeta estará diante de um suicídio com arma de fogo em que a vítima não tem resíduos de pólvora nas mãos. Essa história está mal contada e começa a apresentar um enredo rocambolesco. Quem conhece as entranhas do poder argentino sabe que os inquilinos da Casa Rosada, sede do Executivo federal, são capazes de tudo e mais um pouco para manter a farsa. Lembrando que Cristina Fernández de Kirchner de boba nada tem. Tanto é assim, que aceitou dinheiro do finado tiranete Hugo Chávez para custear sua campanha à reeleição. (Com agências internacionais)

apoio_04