Tensão total – O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, apelou nesta terça-feira (20) a todos os envolvidos no conflito entre governo e rebeldes xiitas no Iêmen para que cessem as hostilidades. O apelo foi lançado em meio a relatos de que as milícias estariam dando um golpe de Estado.
Em Nova York, o Conselho de Segurança da ONU reuniu-se para ouvir o relato do enviado especial ao país africano, Jamal Benomar. Ele disse que as milícias, conhecidas como Houthis, iniciaram um ataque ao palácio presidencial usando armamento pesado. Benomar, que falou por videoconferência a partir de Doha, afirmou que se deslocará imediatamente para Sanaa.
Ao fim do encontro, o Conselho emitiu nota em que condena o ataque ao palácio presidencial e reitera que o presidente é a autoridade legítima do país.
A reunião do Conselho de Segurança foi convocada pelo Reino Unido, depois de intensos combates entre as milícias e a guarda presidencial em Sanaa, na segunda-feira (19). O governo do Iêmen é um importante aliado dos Estados Unidos na luta contra a rede terrorista Al Qaeda, cuja célula iemenita reivindicou a autoria dos atentados terroristas ocorridos em Paris no começo deste mês.
A ministra da Informação, Nadia al-Sakkaf, afirmou que as milícias querem derrubar o governo e iniciaram um ataque à residência do presidente, Abed Rabbuh Mansur al-Hadi. Contudo, um líder rebelde desmentiu o ataque, afirmando que o grupo não tem a intenção de atacar o presidente ou a residência oficial. O presidente estaria no local, reunido com assessores.
No contraponto, um militar confirmou à agência de notícias AFP que os rebeldes atacaram o palácio presidencial e estão destruindo o edifício e saqueando os seus depósitos de armas.
“Isso é um golpe. Não há outra palavra para descrever o que está acontecendo”, afirmou o coronel Saleh al-Jamalani, que comanda a guarda presidencial, à agência de notícias Associated Press.
Na segunda-feira, combatentes cercaram a residência do primeiro-ministro Khaled Bahah após confrontos que permitiram a eles reforçar o domínio sobre a capital iemenita e deixaram nove mortos e 67 feridos, incluindo civis.
Os rebeldes, que desde o ano passado ampliam sua influência no Iêmen, tomaram em 21 de setembro o controle de uma grande parte da capital do país, controlando a televisão pública iemenita e a agência noticiosa oficial Saba.
Os combates desta segunda-feira aconteceram dois dias depois do rapto, pelas milícias xiitas, do chefe do gabinete do presidente e um dos arquitetos do projeto da nova Constituição, Ahmed Awad bin Mubarak. As milícias xiitas são contra esse texto, que prevê um Iêmen federal, composto por seis regiões.
Os houthis querem mais direitos para a comunidade zaidita, uma ramificação do xiismo. Aliados do Irã na disputa com a Arábia Saudita por uma maior influência na região, eles fizeram ameaças se suas demandas por uma participação justa na nova Constituição não forem atendidas. (Com agências internacionais)