Porta fechada – Ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis afirmou nesta sexta-feira (30) que o novo governo em Atenas não reconhece a chamada troika como interlocutora válida nas negociações sobre o programa de resgate à Grécia.
Segundo Varoufakis, a Grécia quer dialogar com a Europa, mas não com a troika – formada por Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Não temos intenção de trabalhar com uma comissão que não tem razão de existir, mesmo na perspectiva do Parlamento Europeu”, afirmou o ministro em uma entrevista coletiva ao lado do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, com quem esteve reunido. “Essa foi a escolha do povo grego das urnas no último domingo.”
Varoufakis destacou que Atenas pretende implementar reformas para tornar a economia grega mais competitiva. Para isso, disse, o novo governo busca um orçamento mais equilibrado – sem uma extensão do pacote de resgate. Caso cumpra as reformas exigidas pela troika até o dia 28 de fevereiro, Atenas terá direito a mais uma parcela, de 7,2 bilhões de euros, do pacote de ajuda.
O departamento legislativo de orçamento, que lança recomendações trimestrais ao Parlamento, alertou que o país corre risco de default técnico, caso não alcance um acordo com os credores em breve. Varoufakis ressaltou que o governo insistirá em uma renegociação, sem pegar mais dinheiro.
O chefe do Eurogrupo advertiu que o novo governo grego, liderado pelo esquerdista Alexis Tsipras, precisa respeitar os acordos firmados entre Atenas e os parceiros europeus.
“Ignorar os acordos não é o caminho certo”, disse Dijsselbloem, que pouco antes havia se encontrado com Tsipras.
O holandês rejeitou ainda a ideia levantada por Atenas de uma conferência internacional para discutir um eventual corte da dívida grega. “Tal conferência já existe. Ela se chama Eurogrupo”, afirmou Dijsselbloem.
Segundo ele, o repasse de nova ajuda financeira à Grécia só será feito se o país cumprir com suas obrigações. Para isso, destacou Dijsselbloem, os avanços registrados pela Grécia até agora não podem ser novamente colocados em dúvida.
Alemanha descarta corte da dívida
A Alemanha, maior economia do euro, também rejeitou com veemência um eventual perdão da dívida. O ministro das FinançasWolfgang Schäuble declarou que a UE não se deve deixar pressionar pela Grécia.
Segundo ele, os países europeus e o FMI já foram até o “limite do possível” com o crédito de 240 bilhões de euros concedido aos gregos. Schäuble garantiu que a Alemanha está preparada para continuar ajudando, com a condição, porém, que os gregos cumpram os acordos vigentes.
Na próxima semana, Alexis Tsipras visitará algumas capitais europeias, como Paris e Roma. Berlim, no entanto, está fora de seu itinerário. Várias vezes durante a campanha eleitoral na Grécia ele acusou a chanceler federal Angela Merkel de ser responsável pelos problemas sociais em seu país.
A bolsa de valores em Atenas fechou a sexta-feira em queda de 1,6%, com perda acumulada na semana de 13%, enquanto a taxa de juros nos títulos de três anos – que indica um risco de calote a curto prazo – saltaram 19,3%. (Com agências internacionais)