Perna curta – A poucos dias de um novo encontro com o ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, acusou na terça-feira (24) o Kremlin de mentir “na sua cara” sobre o papel da Rússia no conflito no leste ucraniano. Kerry ainda admitiu que Washington poderá impor mais sanções a Moscou nos próximos dias.
Evitando comentar publicamente se ele é a favor ou não do envio de armas às tropas da Ucrânia, ao ser questionado por parlamentares americanos se a Rússia mentiu sobre a presença de soldados e armas russas no país vizinho, o secretário de Estado respondeu com um sonoro “sim”.
“A Rússia lançou o exercício de propaganda mais aberto e extenso que eu já vi desde o pico da Guerra Fria. Eles persistiram nas suas falsas representações – ou mentiras, como as queiram chamar – sobre as suas atividades lá [na Ucrânia] falando na minha cara, e na cara de outros, em muitas ocasiões”, afirmou Kerry durante audiência no Senado americano.
Segundo o chefe da diplomacia americana, a Rússia procura “reanimar um novo jogo de leste contra oeste”, que os Estados Unidos consideram “perigoso e desnecessário”. Para Kerry, o movimento separatista pró-russo da Ucrânia “é uma extensão, de fato, do Exército russo e um instrumento de poder nacional russo”.
Crítica aos críticos
Kerry também falou aos senadores sobre as negociações nucleares que Washington vem mantendo com o Irã, ressaltando que críticas agora são prematuras. O tom soou como uma censura ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que deverá discursar perante o Congresso americano sobre o arquiinimigo Irã em março.
“O presidente deixou claro – eu não consigo definir isso de maneira mais firme – que a política é: o Irã não vai obter arma nuclear. E qualquer pessoa que venha dizer ‘eu não gosto desse acordo’, ou isso ou aquilo, não conhece o acordo. E nem há acordo ainda. Eu alerto as pessoas que esperem e vejam o que essas negociações vão produzir”, disse o secretário de Estado.
Kerry retornou de uma viagem a Genebra, onde negociou com representantes do Irã e de outros cinco potências mundiais – Reino Unido, China, França, Alemanha e Rússia – na busca por um acordo para evitar que Teerã desenvolva uma bomba nuclear. Os países querem conter as atividades nucleares iranianas por pelo menos dez anos e, depois disso, as restrições seriam paulatinamente amenizadas.
Republicanos e democratas não estão convencidos de que o Irã está negociando de boa fé. Ainda assim, um pacto poderia arrefecer 35 anos de hostilidades entre Teerã e Washington. (Com agências internacionais)