Laços de família – Ricardo Hoffmann, publicitário gaúcho preso na Operação “A Origem”, décima primeira etapa da Operação Lava-Jato, acusado de associação com o ex-deputado petista André Vargas – também preso pela Polícia Federal por direcionar dezenas de milhões de reais em verbas de publicidade da Caixa Econômica Federal para a agência Borghi/Lowe – tem ligações com a senadora Gleisi Hoffmann (PT), de quem é primo distante.
O elo familiar deve abrir nova vertente na seara das investigações do Ministério Público Federal sobre as conexões da senadora petista, que recebeu R$ 1 milhão em dinheiro desviado da Petrobras, de acordo com denúncia dos dois principais delatores da operação da PF, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, e Alberto Youssef, o doleiro da Lava-Jato.
A agência de publicidade dirigida por Ricardo Hoffmann era contratada pela Caixa e pelo Ministério da Saúde, algo que só foi possível graças a interferência nefasta de André Vargas Ilário, conhecido como “Bocão”. A Borghi/Lowe, segundo apurou a Polícia Federal, fazia subcontratações de fornecedoras de materiais publicitários que eram de fachada e tinham como sócios o ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas, e seu irmão, Leon Vargas. “O Ministério da Saúde e a Caixa Econômica contratam uma empresa de publicidade. Ela subcontrata empresas em que o Leon e o André são sócios. Essas empresas não existem fisicamente e recebem um percentual equivalente a 10% do contrato firmado com a empresa principal”.
Natural do Rio Grande do Sul, Ricardo Hoffmann apareceu no Paraná após ser contratado pela agência de propaganda Exclam. Logo descobriu um veio paralelo em sua atividade de publicitário, a política, ou melhor, os negócios que envolvem a política. Aproximou-se de Roberto Requião, do PMDB, e participou de suas campanhas eleitorais em 2002 e 2006. Mas foi no Partido dos Trabalhadores que encontrou a prosperidade. Tornou-se tão ligado a Gleisi Hoffmann e ao PT, que muitos acreditam que a ligação é fruto do parentesco distante.
Apadrinhado por André Vargas, Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo da Silva (ex-ministro do Planejamento e das Comunicações), o gaúcho Ricardo Hoffmann transformou a Borghi/Lowe, na segunda maior agência do Brasil. Um salto motivado pelos seus acordos com os petistas, os quais lhe renderam as contas da Caixa Econômica Federal, Ministério da Saúde, BNDES e Petrobras Distribuidora.
O salto alcançado pela Borghi/Lowe em poucos anos é impressionante. De apenas um para quase 50 funcionários; de nenhum cliente para três, e dos mais importantes – Caixa, Apex e Ministério da Saúde; de um modesto conjunto de duas salas, para mais de 500 metros quadrados de um imponente espaço duplex. Como disse certa feita um conhecido comunista de boteco, “nunca antes na história deste país”.