Petrolão: delação premiada no âmbito da Lava-Jato estende investigações a mais suspeitos

eduardo_leite_01Ampliando o passo – Em fevereiro, integrantes da diretoria da empreiteira Camargo Corrêa firmaram acordo de delação premiada, o que permitiu que a investigação da Operação Lava-Jato trilhasse novos caminhos. Eduardo Hermelino Leite, vice-presidente da empresa, e Dalton dos Santos Avancini, presidente, ambos afastados dos respectivos cargos, revelaram mais dois nomes de diretores da Petrobras que ainda não figuravam nos autos da Operação Lava-Jato. De acordo com o jornal “Valor Econômico”, quatro outros executivos da Camargo Corrêa também entraram na mira das investigações.

De acordo com as informações dos dois delatores, os diretores da estatal agora citados teriam praticado o mesmo esquema de pagamento de valores indevidos a agentes públicos. A expectativa é que, com as novas informações, as investigações extrapolem as diretorias de Abastecimento, Serviços e Internacional, comandadas por Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Nesto Cerveró, respectivamente. Desta forma, os tentáculos da Lava-Jato poderiam se estender para a BR Distribuidora, Transpetro e Comunicação.

Dalton Avancini afirmou às autoridades que integram a força-tarefa da Lava-Jato que os serviços de consultoria prestados pela empresa do ex-ministro José Dirceu não existiram. Foram, na verdade, uma mera emissão de notas fiscais para “esquentar” o pagamento de propina. Algo que a PF e o Ministério Público Federal já sabiam, mas faltava confirmar a o drible do ex-chefe da Casa Civil, que conseguiu a proeza de faturar milhões de reais enquanto cumpria pena de prisão na esteira de condenação da Ação Penal 470 (Mensalão do PT).

A Camargo Corrêa segue afirmando que desconhece os dados dos delatores e que “não participou e nem teve acesso aos referidos acordos de colaboração, desconhecendo seus termos e também o teor dos depoimentos”.

Um assunto que tem tirado o sono dos dirigentes da Camargo Corrêa é a possibilidade cada vez maior de a investigação da Lava-Jato funcionar como gatilho para a retomada da Operação Castelo de Areia, também da Polícia Federal, que apreendeu na sede da empreiteira uma contabilidade paralela com nomes de vários políticos conhecidos, como, por exemplo, Michel Temer, vice-presidente da República e atual articulador político do Palácio do Planalto. Muito estranhamente, a “Castelo de Areia” foi anulada por decisão do Superior Tribunal de Justiça. (Por Daniela Cabral Távora)

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