Fora do script – A Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que derrubou o maior escândalo de corrupção da história, o Petrolão, vem produzindo “estragos” em todos os cantos do País desde março de 2014, mas há situações no mínimo estranhas. Pelo menos três partidos políticos foram “beneficiados” pela ação criminosa que derreteu os cofres da Petrobras – PT, PP e PMDB, com muitos políticos sendo investigados, contudo alguns ainda não foram sequer lembrados, quiçá incomodados.
Criado pelo então deputado federal José Janene (PP-PR), já falecido, com a explícita anuência do ex-metalúrgico Luiz Inácio da Silva, à época presidente da República, o Petrolão, sistema de roubo a partir do superfaturamento de contratos com a Petrobras, era de conhecimento da cúpula de todas as legendas envolvidas, assim como dos integrantes do chamado “núcleo duro” do Palácio do Planalto.
Partido com o maior número de investigados a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot Monteiro de Barros, o PP tem repetido o discurso de inocência das outras legendas acusadas de envolvimento, mas por enquanto Francisco Dornelles, atual vice-governador do Rio de Janeiro, continua incólume.
Presidente nacional do PP durante a maior parte do desenrolar da roubalheira na Petrobras, Dornelles não pode dizer que desconhecia a operação, pois pelo caixa do partido passou recursos de origem ilícita, mesmo que em alguns casos o dinheiro tenha recebido a roupagem de doação feita por empreiteiras investigadas na Lava-Jato. Fora isso, Francisco Dornelles é presidente de honra de um partido político que vem sendo alvo de acusações desonrosas.
A decisão da força-tarefa da Operação Lava-Jato de não incomodar os presidentes dos partidos envolvidos causa estranheza, pois o dinheiro desviado não apenas engordou os cofres das legendas, mas financiou inúmeras campanhas pelo Brasil afora. O caso de Francisco Dornelles é estranho, já que o PP é o partido mais atolado no escândalo de corrupção, apesar de alguns dos investigados nada terem a ver com o assunto.
Até o momento, Dornelles não se manifestou a respeito do escândalo, nem ao menos deu uma explicação para as acusações têm sido direcionadas aos correligionários, que até recentemente eram seus comandados. A estranheza em relação ao assunto encontra guarida no bom senso, já que quando um motorista transgride a legislação de trânsito e é autuado à revelia, o primeiro a ser comunicado é o proprietário do automóvel. Como diz o dito popular, nesse angu tem caroço.