Construtoras alertam que cortes no Orçamento podem parar obras; muitas já estão paralisadas

construcao_civil_04Freio puxado – Empresários da construção civil afirmam que os cortes no Orçamento federal, anunciados na última sexta-feira (22), devem ter um impacto profundo no setor que já atravessa um momento difícil. Para eles, a redução no volume disponível de recursos para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e para o programa “Minha Casa, Minha Vida” deve levar à paralisação de obras e aumentar as demissões no setor.

Considerados as principais bandeiras do governo Dilma Rousseff, os dois programas terão redução de quase R$ 33 bilhões no orçamento, representando quase metade de todo o corte orçamentário, de R$ 69,9 bilhões.

“Ninguém tem dúvida de que o ajuste fiscal é necessário para o País, mas basear os cortes em investimentos é muito ruim”, afirmou José Carlos Rodrigues Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).Ele ainda destaca que, antes mesmo do corte, o setor já vinha sofrendo com o desaquecimento da economia e com os efeitos da Operação Lava Jato.

Só no período entre outubro do ano passado e abril de 2015, a indústria da construção perdeu 290 mil postos de trabalho. Segundo Martins, esse número deve aumentar daqui para frente.

As expectativas ruins para a construção estão expressas em dados divulgados ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com a entidade, o nível de atividade do setor atingiu o menor nível da história.

Realizada pela CNI, a Sondagem Indústria da Construção, é o indicador que mede o nível de atividade em relação ao usual. Este indicador chegou a 29,4 pontos em abril, ante 30,6 pontos em março. Em abril de 2014, o índice estava em 42,6 pontos.

A série da CNI teve início em dezembro de 2009 e, pela metodologia usada, os valores variam de zero a 100 pontos, sendo que números abaixo dos 50 pontos apontam cenário de queda. (Por Danielle Cabral Távora)

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