Banco dos réus – A Justiça da Espanha abriu processo contra Neymar Jr. e outras quatro pessoas. O objetivo é investigar a transferência do atacante para o Barcelona, em 2013. Eles são acusados de fraudar contratos firmados no âmbito do acordo entre o Santos FC e o clube catalão. De acordo com a legislação espanhola, o crime de fraude prevê detenção de 3 a 7 anos.
Além do atacante brasileiro, estão envolvidos no processo judicial o pai do atleta, Neymar Santos; o atual presidente do Barcelona e que à época da transação era vice-presidente do Barça, Josep Maria Bartomeu; o então presidente do Santos, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro; e o vice-presidente do Santos na época do negócio, Odílio Rodrigues.
O processo foi aberto pela Audiência Nacional, em Madri, a partir de denúncia da DIS, grupo que detinha parte dos direitos do jogador. A empresa alega que o Barcelona e a família de Neymar falsificaram contratos com o intuito de minimizar o repasse da transferência aos demais responsáveis pelo atleta.
Quando contratou Neymar, o Barcelona informou ter desembolsado 57,1 milhões de euros para tirar o atleta do Santos. Mais tarde, o clube admitiu que o gasto foi de quase 100 milhões de euros.
A DIS ressalta ter direito a 40 milhões de euros da transação, mas recebeu pouco mais de 6 milhões de euros. O Santos respondia por 55% dos direitos do atleta. A DIS detinha 40%. Os 5% restantes pertenciam ao grupo de investidores Teísa.
Apesar de não ter porcentagem na negociação com o Barcelona, a família de Neymar recebeu a maior parte da transação, conforme contrato firmado entre a N & N (empresa da família do atacante) e o Barcelona. O documento mostra que os pais de Neymar ganharam 40 milhões de euros, enquanto o Santos (que tinha a maior parte dos direitos de Neymar) levou 17 milhões de euros.
Por conta da divergência de valores, o juiz da Audiência Nacional, José de la Mata, anunciou que requererá junto a Chelsea, Real Madrid, Manchester City e Bayern de Munique informações sobre as propostas enviadas ao Santos, entre 2009 e 2013, para contratar Neymar.
A mãe do atacante, Nadine, será convocada pela Justiça espanhola a prestar depoimento. Ela é uma das sócias da N & N. Além de Nadine, também serão chamados o empresário Wagner Ribeiro e o advogado Marcos Motta, que participaram da negociação.
A diferença do valor informado pelo Barcelona em relação ao valor real aconteceu, entre outros fatores, porque a diretoria catalã não contabilizou o numerário depositado a favor da N&N desde 2011. O clube alegava que os depósitos feitos a partir de 2011 eram por “direito de preferência” na contratação.
O primeiro pagamento ocorreu em novembro de 2011, dias antes da final do Mundial de Clubes entre Santos e Barcelona. A N & N recebeu 10 milhões de euros do Barça “a título de empréstimo”, de acordo com o contrato assinado. O documento apresentava que a família teria de devolver a quantia caso não fosse concretizada a transação.
Entretanto, a Justiça espanhola entendeu que os depósitos caracterizavam clara intenção de ocultar a transação, burlando o fisco e outros envolvidos. (Danielle Cabral Távora)
