Polícia dos EUA caça atirador que matou nove em igreja de comunidade negra

charleston_01Camisa de força – Nesta quinta-feira (18), a polícia dos Estados Unidos lançou uma intensa caçada ao homem suspeito de matar nove pessoas em uma igreja de comunidade negra no centro de Charleston, na Carolina do Sul. De acordo com as autoridades locais, trata-se de um crime de ódio. Seis mulheres e três homens morreram no ataque, inclusive o pastor do templo, o senador estadual Clementa Pinckney, além de sua irmã.

A chacina aconteceu na noite de quarta-feira na Igreja Metodista Episcopal Africana Emanuel, uma das mais antigas da comunidade negra de Charleston. Por volta das 21h, no horário local, a região foi isolada, com várias viaturas policiais e ambulâncias. Também havia uma suspeita de bomba no local do ataque, próximo ao Charleston Marriott Hotel, mas o chefe da polícia da cidade, Gregory Mullen, afirmou que não foram encontrados explosivos.

“Havia oito mortos dentro da igreja. Duas pessoas feridas foram levadas ao hospital e uma faleceu. No momento, temos nove vítimas fatais deste crime de ódio”, revelou Mullen.

A polícia divulgou imagem do suspeito, nesta quinta-feira, e disse que ele ainda pode estar na área. O atirador seria um jovem branco, de aproximadamente 21 anos, e teria um porte atlético. Ele estaria vestindo casaco cinza, calça jeans e botas.

Além do Departamento de Polícia de Charleston, o FBI também participa das investigações. Segundo a polícia, o suspeito foi visto saindo da igreja em um carro preto de quatro portas, de acordo com as imagens reveladas pelas câmeras de segurança.

O prefeito Joseph P. Riley Jr. disse que a cidade estava oferecendo uma recompensa por informações que levem à prisão do atirador. “Para entrar em uma igreja e atirar em alguém é um ato de puro ódio”, ressaltou o prefeito.

As autoridades ainda não divulgaram informações sobre as vítimas e não disseram quantas pessoas estavam na igreja durante os disparos. Em um comunicado, o presidente da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP), Cornell William Brook, disse: “Não há maior covarde do que um criminoso que entra em uma casa de Deus e mata pessoas inocentes envolvidas em estudos bíblicos”.

O crime é mais um golpe para a comunidade negra nos Estados Unidos, que nos últimos meses tem sido vítima de crimes aparentemente motivados pelo racismo, em particular homicídios cometidos por policiais brancos contra homens negros desarmados. Foi o caso de Ferguson em 2014 e o de Baltimore há algumas semanas, além de vários crimes semelhantes cometidos em Charleston em 2014 que desencadearam tensões raciais em todo o país.

Ex-membro da Assembleia Legislativa do Estado junto com o reverendo Pinckney, James Todd Rutherford descreveu o pastor como um líder incansável, de voz potente e uma missão para cumprir. “Ele foi chamado para o ministério quando tinha 13 anos, ordenado aos 18 anos, eleito para a Câmara aos 23 e para o Senado aos 27”, relembrou Rutherford, que completou: “Ele era um homem movido pelo serviço público”.

Testemunhas disseram à rede TV americana CNN que havia muitos corpos dentro da igreja que não foram identificados. “Isso é terrível. É um cenário muito triste”, afirmou um pastor.

Um homem chegou a ser preso com descrição semelhante ao do suspeito de ter realizado o ataque, mas foi liberado.

A Igreja Metodista Episcopal Africana Emanuel foi construída em 1891 quando membros afro-americanos da Igreja de Charleston criaram sua própria congregação e é uma das mais antigas da cidade. Todas as noites de quarta-feira há um estudo bíblico no local. O edifício neogótico é considerado uma construção historicamente significativa, segundo o Serviço Nacional de Parques.

De acordo com o site da igreja, em 1822, um dos cofundadores da igreja, Denmark Vesey, tentou fomentar uma rebelião de escravos em Charleston. A trama foi frustrada pelas autoridades e 35 pessoas foram executadas, incluindo Vesey.

Após o ataque, um grupo de pastores se ajoelhou e orou em frente à igreja. “A questão é: Por que Deus?”, questionou um religioso durante a oração.

Nikki R. Haley, governadora da Carolina do Sul, disse em um comunicado que ela e sua família estavam orando pelas vítimas. “Enquanto nós ainda não sabemos todos os detalhes, sabemos que nunca vamos entender o que motiva alguém a entrar em um dos nossos locais de culto e tirar a vida do outro”, lamentou Haley. (Danielle Cabral Távora)

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