Penas ao ar – Enquanto o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB (será reeleito), começa a se movimentar com vista à corrida presidencial de 2018, outros tucanos fazem o mesmo, sem o alarde do parlamentar mineiro.
Aécio continua surfando nas pesquisas de opinião que tratam da próxima eleição presidencial, resultado de um recall eleitoral que o manterá em destaque por algum tempo, mas o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também forte candidato, não está dormindo no ponto.
Ciente de que para desbancar Aécio Neves será preciso reforçar a articulação política, Alckmin decidiu começar essa operação pela sucessão no âmbito da prefeitura da maior cidade brasileira, São Paulo. Há no PSDB paulistano pelo menos quatro pré-candidatos ao cargo: Angelo Andrea Matarazzo, Ricardo Tripoli, Bruno Covas e José Aníbal. Apesar da boa quantidade de pré-candidatos, Geraldo Alckmin tem comentado nos bastidores do Palácio dos Bandeirantes que o candidato do partido deve ser alguém próximo a ele. Para quem conhece em detalhes a estrutura da cúpula do governo paulista, o candidato pode ser Saulo de Castro de Abreu Filho, atual secretário de Governo do Estado de São Paulo.
Alckmin sabe que Saulo de Castro não tem cacife junto ao eleitorado para disputa tão importante, mas o plano do governador passa por uma derrota na disputa pela prefeitura da capital. Uma eventual derrota de Saulo abriria a Geraldo Alckmin a possibilidade de apoiar, em eventual segundo turno, a candidata do PSB, possivelmente Marta Suplicy.
Pode parecer estranho o fato de Alckmin apoiar Marta Suplicy, mas o objetivo é pavimentar o terreno para 2018. Isso porque o atual vice-governador, Márcio França, é do PSB e sua chegada ao posto criou um segundo núcleo de força no partido que até o ano passado tinha o finado Eduardo Campos como líder maior.
Essa costura política, que a olhos primeiros mostra-se ilógica, abre caminho para Geraldo Alckmin sonhar em ser candidato à Presidência da República, tendo como vice um nome do PSB.
O PSB não descarta ter um candidato próprio – e precisa ser de peso –, mas as negociações com esse objetivo ainda estão no começo e com poucas chances de prosperar. Mesmo assim, a direção do partido continua insistindo no tema. Por outro lado, é pequena a possibilidade de o PSB embarcar em uma candidatura que tenha Aécio Neves como cabeça de chapa.
Os herdeiros políticos de Eduardo Campos já detectaram que o discurso de Aécio não convence, até porque é difícil acreditar no cacife de um candidato que conseguiu a proeza de perder a eleição para alguém como Dilma Rousseff.