Calvário rouge – Quando se elegeu senadora pelo Paraná em 2010, com 3.196.468 votos (29,50% dos votos válidos), a petista Gleisi Helena Hoffmann parecia ter carimbado seu passaporte para chegar ao Palácio Iguaçu, sede do Executivo estadual.
Em 2014, no entanto, o cenário mudou drasticamente. O PT entrou em rota de descenso e Gleisi, que havia ocupado a chefia da Casa Civil de Dilma Rousseff, teve como feito maior no cargo a nomeação de um pedófilo, Eduardo Gaievski, para comandar as políticas do governo federal para crianças e adolescentes. O resultado da eleição refletiu esse quadro funesto. Gleisi ficou em terceiro lugar na disputa pelo governo do Paraná, com apenas 14% dos votos, 881.857 votos.
Uma pesquisa divulgada há dias, pelo instituto Paraná Pesquisas, revela que, mesmo com esse resultado pífio, Gleisi estava longe do fundo do poço. Se a eleição para o governo do Paraná fosse realizada hoje, em meio ao maremoto de denúncias de corrupção que avança sobre o PT e atinge a própria Gleisi, acusada pelos delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, de ter recebido R$ 1 milhão do esquema investigado pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, o resultado seria muito pior. Gleisi ficaria em quarto lugar, com míseros 8% dos votos.
A demolição política de Gleisi Hoffmann, na esteira dos efeitos devastadores da Lava-Jato, é uma catástrofe para o PT do Paraná, partido com quadros indigentes e que investiu tudo na construção da candidatura de da senadora, que em tese deveria ser a grande liderança da legenda no estado. O envolvimento de Gleisi Hoffmann no Petrolão, maior escândalo de corrupção da história, é tão profundo, que o PT do Paraná se dará por feliz se a “companheira” conseguir preservar o mandato, algo que no Senado é considerado quase impossível.
Em duas campanhas, em 2010 e 2014, Gleisi recebeu R$ 13,5 milhões de empresas – a maioria empreiteiras – denunciadas por pagamentos de propina, corrupção e financiamento de campanhas eleitorais com o dinheiro desviado da Petrobras.
Em 2010, Gleisi teve a maior parte de sua campanha irrigada em R$ 3,7 milhões doados por empreiteiras. Recebeu R$ 1 milhão da Camargo Corrêa, R$ 780 mil da OAS, R$ 250 mil da UTC, R$ 250 mil da CR Almeida e R$ 220 mil da Coesa Engenharia. Em maior volume, as doações se repetiram na campanha de 2014, com os mesmos financiadores.
A petista recebeu mais R$ 7,7 milhões. Desse montante, R$ 150 mil saíram do Banco Pactual, listado na Operação Lava-Jato, R$ 2 milhões da Construtora Triunfo, R$ 475 mil da Queiroz Galvão, R$ 950 mil da Andrade Gutierrez, R$ 950 mil da UTC e R$ 420 mil da Galvão Engenharia.