Sol quadrado – Batizada de Operação Pixuleco e com duzentos policiais federais cumprindo quarenta mandados judiciais (três de prisão preventiva, cinco de prisão temporária (26 de busca e apreensão e seis de condução coercitiva), a décima sétima etapa da Operação Lava-Jato teve na manhã desta segunda-feira (3) mais um importante desdobramento. Um dos presos na operação é o ex-ministro e mensaleiro condenado José Dirceu de Oliveira e Silva. O irmão do petista, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, também foi preso pela PF, mas sua prisão é temporária (cinco dias).
Acusado de participar do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história, Dirceu tentou sem sucesso impedir a sua prisão, algo que o UCHO.INFO afirmou que aconteceria na retomada das atividades do Judiciário. Ex-chefe da Casa Civil e cumprindo pena prisão domiciliar na esteira da Ação Penal 470 (Mensalão do PT), Dirceu usou sua empresa de consultoria para receber propinas decorrentes de contratos superfaturados firmados por empreiteiras com a Petrobras, que continua a sangrar financeiramente, apesar das negativas da estatal e da cúpula do governo petista de Dilma Vana Rousseff.
De acordo com a Polícia Federal, o foco da Operação Radioatividade é o cumprimento de medidas cautelares em relação a pagadores e recebedores de vantagens indevidas provenientes de contratos com o poder público, sendo que na mira do juiz federal Sério Fernando Moro, responsável pelos processos da Lava-Jato, estão os beneficiários finais e os “laranjas” utilizados nas transações criminosas. Entre os crimes investigados estão corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
José Dirceu disse recentemente que não tinha condições psicológicas para suportar nova prisão, o que significa que a Lava-Jato pode sofrer uma revolução caso o petista decida revelar o que sabe acerca dos esquemas de corrupção que marcaram os governos petistas de Lula e Dilma.
Desde o julgamento do processo do Mensalão do PT, o ex-chefe da Casa Civil reclamava nos bastidores por ter sido abandonado por Lula, seu companheiro de muitas jornadas. Durante o período em que esteve preso no complexo penitenciário da Papuda, em Brasília, José Dirceu não apenas gozou de regalias ilegais, como celular e acesso à internet, mas conseguiu manter em atividade a sua empresa, a JD Consultoria, usada para mascarar as propinas pagas pelas empresas investigadas na Operação Lava-Jato.
Considerando que a prisão de Dirceu é temporária, o ex-ministro ficará preso, em Curitiba, por tempo indeterminado, caso seus advogados não consigam reverter a decisão do juiz Sérgio Moro.
Para quem sempre abusou da arrogância e nas coxias do poder se valeu da truculência para intimidar adversários, José Dirceu está protagonizando um espetáculo pífio no fim da sua carreira política. Com a prisão do ex-ministro, a situação de Luiz Inácio da Silva fica ainda mais fragilizada. Como afirmou o UCHO.INFO em 29 de agosto de 2014, a Lava-Jato, cedo ou tarde, haveria de subir a rampa do Palácio do Planalto.