Soltando a voz – Abandonado pelo PT nos cárceres de um presídio em Curitiba, o ex-deputado federal André Vargas Ilário (ex-PT) está enviando recados cada vez mais ameaçadores. “Passarinho na gaiola canta”. Foi desta forma que uma fonte bem informada da Polícia Federal (PF) disse que os próximos delatores da Operação Lava-Jato devem ser os ex-deputado federais André Vargas (ex-PT) e Luiz Argôlo (ex-SD).
A dupla está presa em uma penitenciária na Região Metropolitana de Curitiba desde 10 de abril de 2015, quando a PF deflagrou a décima primeira fase da Lava-Jato, batizada como “A Origem”.
Em comum, os dois têm o mesmo objetivo: “vamos f*** a República”, frase atribuída aos ex-deputados. Quem soube dessa disposição, externando horror e preocupação, foi a senadora petista Gleisi Helena Hoffmann, que teve como coordenador de suas campanhas, e de seu marido (Paulo Bernardo da Silva, ninguém menos que o próprio André Vargas. Conhecido no Paraná como “Bocão”, Vargas e o ex-ministro Paulo Bernardo, o “PB”, já foram processados juntos pela prática de caixa dois.
Próximo de completar seis meses na prisão, Vargas e Argôlo já perceberam que estão abandonados à própria sorte na carceragem do estabelecimento prisional. Diante do avanço das investigações da Lava-Jato dos benefícios que uma delação premiada pode trazer, no caso de eventual condenação, os dois ex-deputados federais estão dispostos a contar o que sabem para os investigadores da operação que desmontou o maior esquema de corrupção da história, o Petrolão. O primeiro do grupo a aderir à delação premiada foi o ex-deputado federal e ex-presidente do Partido Progressista, Pedro Corrêa.
Uma fonte do Ministério Público Federal (MPF) diz que Vargas pode ajudar a fechar o quebra-cabeça deste escândalo, apontando os líderes esquema. Antes de ser preso, André Vargas era um homem de poder dentro do PT — cotado até para assumir nesta legislatura a presidência da Câmara dos Deputados. Estava tudo conversado e acertado, mas a Lava-Jato derrubou os planos políticos do ex-petista.
Esquecido pelo PT, este tem sido um pensamento recorrente na prisão, Vargas agora quer contar o que viu, o que sabe e o que compactuou com riqueza de detalhes que assusta até quem não é do PT. Para Gleisi e PB o pânico é crescente. As reuniões de Vargas e Argôlo com os procuradores do federais para acertar um possível acordo de delação premiada devem acontecer nas próximas semanas.