Prova dos nove – Quando marcou para quinta-feira (1) a confirmação da reforma ministerial, que aumenta a dependência do Executivo federal em relação ao PMDB, a presidente Dilma Rousseff tinha como objetivo primeiro que o Congresso Nacional analisasse os seis vetos presidenciais restantes antes do anúncio palaciano. Contudo, o plano do Palácio do Planalto foi por água abaixo.
Em mais uma demonstração de força no Parlamento e defendendo a volta das doações de pessoas jurídicas a partidos políticos e campanhas eleitorais, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conseguiu convencer o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a adiar a sessão do Congresso que analisaria os seis vetos que ainda precisam ser analisados. Com essa manobra, Dilma terá de anunciar a reforma ministerial sem ter a certeza de que poderá contar com o apoio do PMDB, que no novo desenho do governo terá sete ministérios.
Com a avaliação do governo em 69% na faixa “ruim ou péssimo”, o maior índice em 27 anos, sem contar os 21% que consideram “regular”, a situação política de Dilma Rousseff piorou sobremaneira depois da divulgação dos resultados da mais recente pesquisa de opinião CNI/Ibope.
Esse cenário mostra que Dilma não conseguiu convencer a opinião pública com as bravatas oficiais no âmbito das reformas administrativas e do corte de gastos, ao mesmo tempo em que leva o PMDB a cobrar mais pelo apoio à presidente da República. Esse momento tenso do escambo se explica pelo fato de que o próximo ano é de eleições municipais, o que exigirá dos peemedebistas, em especial, esforço extra para explicar ao eleitorado o apoio ao bandoleiro e desastrado governo petista.
Para piorar o que já era ruim, Dilma conta da desconfiança de 77% dos entrevistados pelo Ibope, que também identificou que os brasileiros entendem que o segundo governo da ex-guerrilheira é pior que o primeiro. Ou seja, o caos deve não apenas continuar, mas aumentar.
Como se não bastasse, a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, e seus desdobramentos ficaram em primeiro lugar na lista dos temas ligados ao governo mais lembrados pelos entrevistados. O melhor que Dilma poderia fazer, diante do xeque-mate político que se apresenta, é renunciar em benefício do Brasil e dos brasileiros, pois a mãe de todas as crises que chacoalham o País é a de confiança, algo que há muito a mandatária petista não sabe o que é.
De tal modo, considerada a conjuntura política brevemente aqui exposta, Dilma será obrigada a dar um tiro no escuro e anunciar a reforma ministerial, sem direito à redução de ministérios, pois o PMDB, além de reforçar o apetite por cargos, adotou a tese popular de São Tomé. Quer ver para crer! Assim sendo, a presidente está naquela condição que sempre marca o prosear da raça: passarinho que está na muda não canta.